Se é nas faculdades e universidades que está o futuro do país, é preciso ter preocupação em dobro sobre o que espera o Brasil à frente, já que o presente envolve medo e violência contra mulheres. Nem mesmo o ambiente acadêmico é seguro, porque o estupro nas universidades é um crime mais comum do que se imagina.

O silêncio é um dos fatores que contribuem para que a cultura do estupro siga em ritmo desenfreado nas universidades. Assediadas por professores, coordenadores e orientadores, a hierarquia pesa e muitas alunas acabam não denunciando seus agressores com medo de que o ato de escancarar os abusos tenha reflexo direto em toda sua vida universitária e na futura carreira.

estupro nas universidades

O silêncio de muitas universitárias e a impunidade fazem com que esse crime continue acontecendo

Convites indelicados e fora do contexto de estudo, aproximação exagerada, assim como assédio verbal e toques de cunho sexual e sem consentimento são alguns dos casos mais relatados. Além disso, esses docentes se aproveitam de seus cargos para momentos a sós com alunas e, em muitos dos casos, também as violentam sexualmente.

Outro fator que faz com que os casos recorrentes não venham à tona é a falta de política de punição. Muitas universidades seguem o caráter de “investigação” desse tipo de crime que, na verdade, tem pouco resultado efetivo. Outras instituições preferem preservar o nome, reputação e corpo de docentes a seguir em frente no processo de contribuir para o fim dos abusos contra suas alunas.

E não são os professores os únicos que cometem os assédios, a prática acontece também por parte dos veteranos, que se aproveitam da imaginária posição de superioridade e a sensação de pertencimento para abusar das calouras. Quando se fala de estupro nas universidades é aquele que acontece dentro e fora do ambiente acadêmico, como nas festas universitárias, por exemplo.

O assédio sexual nas faculdades é um problema que ultrapassa fronteiras, e neste post você vai entender mais:

> Números assustam e comprovam casos de estupro nas universidades do Brasil;

> Assédio no ambiente acadêmico também é um problema no exterior;

> Saiba como denunciar os abusadores.

 

Estupro nas universidades do Brasil

Muitas mulheres vêm exercendo seu protagonismo de falar e debater sobre o assunto, criando coletivos dentro das universidades e um espaço de apoio entre as estudantes, mas ainda há um longo caminho pela frente.

Em 2015, o Instituto Avon realizou uma pesquisa em parceria com o DataPopular sobre violência contra a mulher no ambiente universitário. Segundo o levantamento, 67% das estudantes foram vítimas de violência cometida por um homem nas universidades ou festas acadêmicas. Outros 42% sentiam medo de sofrer violência nesses ambientes.

Entre os homens, 38% dos universitários admitiram ter cometido alguma das violências listadas pela pesquisa (assédio sexual, coerção, violência sexual, violência física, desqualificação intelectual com base em gênero e agressão moral ou psicológica).

Por outro lado, quase a totalidade dos entrevistados acredita que as faculdades deveriam criar formas de punir os responsáveis por esses crimes.

estupro nas universidades

 

Crime se repete em outros países

Outros pesquisas internacionais apontam também que uma em cada cinco universitárias são ou serão vítimas de violência sexual nos Estados Unidos.

Muitas vezes os casos de estupro nas universidades americanas são ignorados. Por isso, em outubro do ano passado, o Departamento de Educação dos EUA instaurou, juntamente à Polícia Federal americana, uma investigação em 86 universidades, incluindo as renomadas Harvard, Princeton e Califórnia. O principal objetivo é apurar negligência da diretoria em casos de abusos sexuais.

Semelhante ao Brasil, a maioria dos casos de estupro nas universidades aconteceu durante festas acadêmicas e trazem relatos semelhantes aos das vítimas brasileiras, em que o consumo de bebida foi apresentado como justificativa para os crimes.

Além disso, muitas estudantes americanas alegam que foram desencorajadas pelas universidades a denunciar os agressores.

Documentário – O documentário “The Hunting Ground”, disponibilizado pela plataforma de streaming Netflix, aborda a epidemia de casos de estupro nas universidades americanas e os esforços das instituições para acorbertá-los a qualquer custo e levar as ocorrências ao esquecimento.

Reino Unido – Em 2017, 10 vítimas de violência sexual em uma das principais universidades da Grã-Bretanha, a Universidade de Bristol usaram o aplicativo Snapchat para falar sobre suas experiências de abuso e lançar a campanha #RevoltAgainstSexualAssault (revoltadas contra o assédio sexual, em tradução livre).

Elas cobriram os rostos com emojis para manterem suas identidades preservadas e fizeram desabafos em vídeos que ficaram no ar na plataforma por 24 horas.

 

Saiba como denunciar

O medo das hierarquias ou medo de uma exposição que, no geral, não acontece, não deve calar mulheres. Se você sofreu ou conhece alguma vítima de assédio sexual nas universidades, denuncie! Saiba como:

  • Procure a coordenação do curso e os responsáveis na universidade para que providências internas sejam tomadas;
  • Vá até a delegacia mais próxima e faça um boletim de ocorrência. Se possível, reúna provas contra os agressores;
  • Também é possível denunciar pelo 180, que recebe relatos de violência contra a mulher;
  • Fale com o Disque Denúncia pelo 181;
  • Se preferir, ligue para o Disque 100, serviço telefônico de recebimento, encaminhamento e denúncias de violações de direitos humanos.

 

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