Ingressar em uma universidade é o sonho de muitos estudantes. A felicidade já tem início ao passar no vestibular e ter a sensação de que um futuro cheio de possibilidades está à espera. Mas, esse sonho pode se transformar em pesadelo antes mesmo de começar, já que os trotes violentos ainda são parte da realidade em muitas universidades do país.

Ainda que proibidos em grande parte das instituições do Brasil, os veteranos, alunos que já estão mais adiantados nos cursos, organizam festas, eventos e encontros de recepção aos calouros fora das universidades envolvendo atos de violência, humilhação, machismo e medo.

trotes violentos

Novos alunos que desistem dos cursos, pessoas feridas, traumas emocionais, medo de andar por um ambiente que deveria ser acolhedor e… mortes. Muitas pessoas já morreram em casos de trotes violentos no Brasil.

A equipe do VS preparou um post para que você saiba como acontece e como denunciar esse tipo de violência:

> Como são as ações violentas dos veteranos

> Conheça alguns casos de trotes violentos no Brasil;

> Solidariedade e confraternização: as alternativas para a recepção de calouros;

> Denuncie atos abusivos nos trotes.

Humilhação e horrores

Os trotes violentos acontecem com ações de diferentes naturezas. As tradicionais envolvem corte de cabelo dos homens, pintura do rosto e do corpo, ingestão de bebidas alcoólicas e pedido de dinheiro em semáforos.

Mas os atos abusivos podem ir além. Há registros de veteranos que obrigam calouros a ingerirem quantidades absurdas de álcool, passarem por situações humilhantes e degradantes, como tirar a roupa e ganhar apelidos de cunho sexual.

Não é incomum, também, que usem de força para conseguir que os novos alunos façam aquilo que estão sendo induzidos, muitas vezes eles recorrem até mesmo à agressão.

Machismo nos trotes – Além dos mesmos tipos de violência, algumas mulheres também são objetificadas, obrigadas a passarem por concursos de beleza entre as novatas, humilhações, comparações entre seus corpos, comentários sexuais e outras atitudes machistas e hostis.

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Humilhações, situações degradantes e machismo também estão presentes entre os trotes violentos pelo Brasil

Os piores casos: violência e impunidade

Infelizmente, o Brasil tem histórico de trotes violentos há muitos anos. Eles se tornaram parte da memória coletiva como atos a não serem repetidos pelas novas gerações. No entanto, a crueldade persiste até os dias de hoje.

O primeiro registrado no país, em 1831, acabou em morte. Durante a recepção dos novos alunos da Faculdade de Direito de Recife, atual Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o calouro Francisco Cunha e Menezes não gostou das brincadeiras feitas pelos veteranos. Quando tentou deixar o local, recebeu facadas de um dos estudantes mais velhos e morreu.

Já na história recente, um dos piores e mais lembrados casos de trotes violentos aconteceu em 1999 na Universidade de São Paulo (USP). O calouro de medicina Edison Tsung Chi Hsueh foi pintado e jogado na piscina, mesmo sem saber nadar.

Quatro estudantes foram acusados e denunciados pelo Ministério Público, mas o caso foi arquivado pelo Superior Tribunal de Justiça por falta de provas e eles foram inocentados.

Em 1962, um dos calouros do curso de medicina da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foi obrigado a passar pela “brincadeira de boas-vindas” dos veteranos, que envolvia se despir completamente. Em seguida, o garoto foi obrigado a entrar em um barril cheio de água misturada com cal. O estudante teve boa parte do corpo queimada e acabou morrendo.

O trote na Universidade Federal do Rio Grande (FURG) é proibido desde 2004, mas os veteranos promovem suas recepções aos calouros fora da instituição. Em 2010, dois calouros de engenharia da computação foram obrigados a ingerir quantidades absurdas de bebida. Eles entraram em coma alcoólico e precisaram ser internados.

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Alguns veteranos obrigam calouros a abusarem da bebida, podendo acontecer casos de comas alcoólicos

E esses são alguns dos casos mais violentos entre tantos abusos que acontecem mais especificamente em cada início de semestre nas universidades de todo o país.

Alternativas: ação social e conscientização

Para os universitários, no geral, tudo acaba em festa. E como os veteranos podem receber os calouros? Dá para transformar tudo em festa, sim, sem que resulte em trotes violentos.

É possível promover eventos e ainda dar espaço para a solidariedade e a ação social. Em algumas instituições, o momento de receber os novatos se torna um verdadeiro trote solidário.

A festa de integração pode envolver ações como arrecadação de alimentos, roupas e materiais escolares para ONGs ou instituições de caridade que precisam de doações; um mutirão para doação de sangue ou até mesmo campanhas de conscientização – contra o tabagismo ou para incentivar uma causa, por exemplo.

Denuncie os trotes violentos!

O abuso nos trotes precisa chegar ao fim. Se você presenciar situações violentas associadas a instituições, ainda que fora delas, denuncie!

  • Procure a coordenação do curso e os responsáveis na universidade para que providências internas sejam tomadas;
  • Vá até a delegacia mais próxima e faça um boletim de ocorrência. Se possível, reúna provas contra os agressores;
  • Se preferir, ligue para o Disque 100, serviço telefônico de recebimento, encaminhamento e denúncias de violações de direitos humanos.

 

 

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