2020 foi um ano difícil para os brasileiros de todas as idades. E não dizemos isso pensando apenas nas medidas de restrição necessárias para conter a pandemia de Covid-19. Crianças, jovens e adultos tiveram também que lidar com o aumento da violência e das estatísticas de Morte Violenta Intencional. Mais do que lidar com a falta de aulas presenciais e do contato escasso com família e amigos, em 2020 ao menos 267 crianças de 0 a 11 anos e 5.855 crianças e adolescentes de 12 a 19 anos foram vítimas de mortes violentas intencionais. Evitar a violência contra jovens e crianças é uma urgência no nosso país.
Ainda analisando as estatísticas, esse número reflete um aumento de 3,6%, em comparação com o ano anterior, ou seja: morrem, vítimas de violência, 17 crianças e adolescentes por dia no Brasil. As maiores taxas de MVI de vítimas de 0 a 19 anos estão em estados do Nordeste e Norte – que acumulam as maiores taxas de letalidade violenta na última década – e os estados com piores taxas por 100 mil habitantes de mortes de crianças e adolescentes são Ceará (27,2), Rio Grande do Norte (20,9), Sergipe (20,6) e Pernambuco (20,3).
Como evitar a violência contra jovens e crianças
Quando pensamos em formas de evitar a violência contra jovens e crianças, o primeiro passo deve ser sempre a conversa. Muitos pais e responsáveis assumem uma postura com pouco espaço para conversa, acreditando que dessa forma terá mais autoridade na hora de cuidar dos pequenos. Mas deixar o espaço fechado para conversas pode ser muito perigoso.
Comunicação é a chave
Muitas vezes as situações violentas acontecem em locais que deveriam ser seguros, como a escola e a casa de parentes ou amigos. Por isso, é muito importante que seu filho tenha plena consciência de que você vai levar a sério o que ele relatar e não vai “ficar do lado do adulto”. Converse com a criança sobre a importância de não haver segredos entre vocês e nunca duvide do que ela te contar! Saber que tem em quem confiar em casa é essencial!
Indo ainda mais a fundo na questão dos locais que deveriam ser livres de risco, analise as reações da criança quando está perto das pessoas próximas, principalmente se ela demonstrar não gostar de alguém por quem deveria desenvolver afeto. Esse pode ser um importante sinal de alerta. Chame a criança e pergunte o motivo desse comportamento, mas sem brigar e sem impor que ela se aproxime de quem não quer.
Quando a criança chega à idade de passar mais tempos na casa dos colegas, outros cuidados devem ser tomados. O primeiro deles, é se informar sobre todos os detalhes dessa casa onde a criança vai ficar por algumas horas. Se informe sobre os amigos da criança, entenda onde eles moram, quem são, conheça a família e a dinâmica da casa antes de deixar que seu filho fique sem sua supervisão.
Por fim, ainda na parte de orientações e comunicação, não esqueça nunca dos conselhos que conhecemos desde a época dos nossos avós. “não fale com estranhos”, “não aceite doces na rua” e “não abra a porta para ninguém quando estiver sozinho em casa”, “não dê informações sobre você pelo telefone”, todos esses conhecimentos que ultrapassam gerações são indispensáveis para evitar a violência contra jovens e crianças.
Controle Online
Não podemos esquecer que a internet é hoje o local onde as crianças mais interagem com os colegas e que o tempo online deve ser supervisionado. As crianças precisam aprender desde cedo quais comportamentos não são seguros nas redes, como compartilhamento de fotos ou informações pessoais com desconhecidos ou marcar de conhecer pessoalmente (e sem supervisão) alguém com quem está interagindo na internet.
Mas os responsáveis precisam estar sempre atentos. Quem nunca desobedeceu uma ordem do pai ou mãe quando era pequeno? É natural que as crianças tentem desafiar algumas regras e por isso o monitoramento constante das atividades online é indispensável para evitar a violência contra jovens e crianças.
Como denunciar
Além de cuidar das “nossas” crianças, como membros de uma sociedade temos o dever de cuidar também das demais crianças ao nosso redor. Fique sempre atento e, ao suspeitar de maus tratos, denuncie! O Conselho Tutelar da região de moradia da vítima tem o dever de visitar a casa, avaliar a situação e fazer o acompanhamento do caso quando recebe uma denúncia.
É possível, ainda, realizar uma denúncia anônima pelo disque-denúncia ou pelo Disque 100, serviço que recebe e encaminha denúncias de violação aos direitos humanos relacionadas a diversos grupos, incluindo crianças e adolescentes. O que não é mais aceitável é ficar calado. Que sejamos todos a voz desses pequenos, que estão calados pelo medo e pela ameaça constante de violência.
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