Mulheres, LGBTs e outras potenciais vítimas de agressão têm buscado alternativas para combater a violência cada vez mais presente nas universidades. Na Universidade de São Paulo, por exemplo, em que os casos de assédio, abuso e agressão são relatados com frequência, os jovens começaram a organizar grupos de apoio e proteção a quem está vulnerável.

Segundo pesquisa nacional realizada pelo Instituto Avon com estudantes universitários, 67% das alunas relatam ter sofrido algum tipo de violência em espaços de convívio com a faculdade, 42% afirmam ter sentido medo e 36% dizem já ter deixado de realizar alguma atividade por conta disso. Somente 10% dos homens assumem ter cometido agressão.

Um dos grupos presentes no espaço universitário é a Comissão Anti-Opressão da Ecatlética, a CAO, uma das primeiras organizações permanentes de estudantes a surgir para combater diretamente o assédio no campus central. O grupo lida com denúncias das alunas e também dá plantões nas festas. Apesar de abrangerem todos os grupos minorizados, recebem mais relatos de mulheres e casais LGBT.

De acordo com publicação do Jornal do Campus, que reúne notícias relacionadas à USP, o maior número de denúncias feitas por mulheres e casais LGBTs faz sentido. Isso porque pesquisa USP Interações, realizada pelo Escritório USP Mulheres, mostra que mais de metade dos estudantes enxergam o espaço acadêmico como ambiente razoavelmente ou muito machista, racista e LGBTfóbico.

Ainda de acordo com a publicação, a presença do Escritório USP Mulheres, da Comissão de Direitos Humanos da ECA e da Superintendência de Assistência Social (SAS) da USP — órgãos responsáveis por tratar de casos assim — deixa a desejar.

Em 2015, na USP, foi criada a Rede Não Cala, por iniciativa de 200 professoras e pesquisadoras, com o objetivo de oferecer acolhimento aos membros da Universidade que passam ou passaram por situações de violência sexual e de gênero. Além da rede, outras iniciativas foram desenvolvidas, tendo em vista o mesmo fim, como a Comissão de Enfrentamento da Violência Sexual e de Gênero do Instituto de Psicologia (IP) da USP.

USP não é a única

E não é apenas na Universidade de São Paulo que os alunos estão começando a se organizar para tentar combater a intolerância e o assédio sexual. No início de junho um grupo de estudantes da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) organizou um ato para reivindicar mais velocidade na apuração de denúncias de assédio na universidade e dar visibilidade à violência de gênero.

Uma das entidades que organizou o protesto foi o coletivo feminista da Esalq Raiz Fulô. O protesto também foi organizado pelo Centro Acadêmico Luiz de Queiroz (Calq), pelo Diretório Central dos Estudantes Alexandre Vannucchi Leme (DCE Livre da USP), Conselho de Repúblicas da Esalq, pela Associação Atlética Acadêmica Luiz de Queiroz e pela Casa do Estudante Universitário (CEU), entre outras entidades que, em sua maioria, são totalmente organizadas e comandadas pelos estudantes.