O ambiente acadêmico deveria ser motivador, encorajador e um verdadeiro espaço para o aprendizado e a troca de conhecimentos. Universidades de todo o país, por outro lado, acabam refletindo comportamentos violentos, racistas e homofóbicos da sociedade como um todo, e isso atinge também as mulheres: os casos de assédio sexual nas universidades só crescem e os dados acendem um alerta sobre os riscos para as estudantes.

assédio sexual nas universidades

Nas universidades, assédio acontece de diferentes formas, partindo também de professores e docentes

No cenário nacional, tem chamado ainda mais atenção as ocorrências de estupros e outras formas de assédio em grandes universidades do sul de Minas Gerais.

Embora crescentes, os casos de assédio sexual nas universidades despertam um outro lado: da organização, da resistência e da denúncia. Em grandes faculdades de Itajubá e Lavras, no sul de Minas, grupos e coletivos se reúnem para que as estudantes se sintam amparadas e em ambiente seguro para que denunciem seus agressores.

O Violência Social preparou um post completo para que você entenda mais sobre esse cenário:

> O assédio sexual nas universidades do sul de Minas Gerais;

> Lideranças não sabem lidar com as situações de assédio no ambiente acadêmico;

> Denuncie toda forma de assédio sexual nas universidades.

 

Assédio sexual nas universidades do sul de MG

Itajubá e Lavras, no sul de Minas, são cidades que abrigam grandes faculdades. Além do polo de conhecimento e da vida universitária, as cidades têm em comum as estudantes que convivem com o medo do assédio.

O assédio sexual nas universidades acontece de diferentes formas: entre alunos, partindo de professores para estudantes e até mesmo fora do ambiente acadêmico: alunas já relataram casos de estupros em festas universitárias, e diferentes formas de constrangimento.

O “Coletivo das Minas” foi criado na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) com o objetivo de dar voz às estudantes. Segundo pesquisa feita pelo grupo do ano passado, com mais de 450 respostas, 86% das mulheres, alunas ou frequentadoras de festas universitárias, já foram tocadas sem consentimento.

Muitos depoimentos anônimos já foram feitos onde há relatos que denunciam outros alunos e professores dos abusos.

Esse mesmo contexto de medo e sensação de impunidade se repete na Universidade Federal de Lavras (UFLA), também no sul de Minas.

Além de um coletivo que oferece um espaço seguro para que as mulheres vítimas de assédio tenham voz, estudantes também criaram a campanha #MeAssediaramNaUFLa, onde relatam situações que viveram no contexto acadêmico.

assédio sexual nas universidades

Falar sobre assédio sexual nas universidades ainda é tabu, já que muitas alunas preferem não denunciar seus agressores com medo de que haja algum prejuízo em notas, na vida acadêmica ou profissional – principalmente quando o abuso parte de figuras de prestígio, como os docentes.

 

Universidades não sabem lidar com o problema

O assédio sexual nas universidades não é um problema restrito às universidades de Minas Gerais. Acontece em Harvard, acontece na USP, acontece por todo o mundo. E o sexismo e o desrespeito podem ser ainda mais gritantes em determinadas áreas.

De acordo com relatório divulgado este ano pelas Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos EUA, baseado em dois anos de pesquisas, mudanças significativas precisam acontecer no contexto acadêmico.

Ciências exatas e medicina, por exemplo, possuem os campus universitários mais hostis para mulheres. E os assédios acontecem de diferentes maneiras: de colegas, pacientes ou professores.

Além de um cenário de medo que é exposto no relatório, a situação se torna ainda mais grave no que se refere às posturas tomadas pelas universidades: “Não há evidências de que as políticas, procedimentos e abordagens atuais resultaram em uma redução significativa no assédio sexual”, afirma o texto.

Isso porque muitas das denúncias são direcionadas a professores e grandes estudiosos. Muitas universidades preferem o silêncio e não punem adequadamente aqueles que são vistos como sinônimos de prestígio – ainda que se tratem de assediadores.

assédio sexual nas universidades

Muitas universidades não se posicionam e silenciam diante de casos de assédio porque preferem manter o prestígio daqueles que são denunciados

 

Denuncie!

A UNIFEI e a UFLA divulgaram notas de repúdio aos assédios e crimes sexuais cometidos contra suas estudantes. No entanto, mais do que repudiar tais atitudes, a principal arma contra o assédio sexual nas universidades é a denúncia. Saiba como:

  • Procure a coordenação do curso e os responsáveis na universidade para que providências internas sejam tomadas;
  • Vá até a delegacia mais próxima e faça um boletim de ocorrência. Se possível, reúna provas contra os agressores;
  • Também é possível denunciar pelo 180, que recebe relatos de violência contra a mulher;
  • Fale com o Disque Denúncia pelo 181;
  • Se preferir, ligue para o Disque 100, serviço telefônico de recebimento, encaminhamento e denúncias de violações de direitos humanos.