As minorias e grupos sociais mais vulneráveis também sentem na pele o preconceito em grandes instituições do Brasil. Os casos de racismo e homofobia nas universidades revelam um cenário de violência e intolerância dentro do ambiente acadêmico.

Aquele que deveria ser um espaço de conhecimento, troca de ideias e de compromisso firmado com a diversidade acaba por refletir um comportamento da sociedade que pretende calar, oprimir e tornar invisível aqueles que lutam as mesmas batalhas que tantos outros brasileiros com peso extra: o constante sofrimento por etnia, raça, orientação sexual ou identidade de gênero.

racismo e homofobia nas universidades

Esse ambiente hostil para negros e pessoas LGBT está diretamente ligado à intolerância que esses grupos sofrem em diferentes espaços. Por isso, neste post você vai entender mais sobre racismo e homofobia nas universidades:

> Relembre casos de racismo e entenda associações feitas às cotas;

> Homofobia e a intolerância à identidade de gênero e orientação sexual nas instituições;

> Saiba como denunciar o preconceito no ambiente acadêmico.

 

Racismo nas universidades e cotas

Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo apontam que o estado registra um caso de injúria racial em estabelecimentos de ensino a cada cinco dias.

Entre os anos de 2016 e 2017, foram 2.873 boletins de ocorrência envolvendo racismo, uma média de quatro casos por dia. Nesse mesmo período, foram 142 registros de injúria racial em instituições de ensino, sendo um caso a cada cinco dias e com abrangência para os ensinos fundamental, médio e superior.

Cotas – As cotas raciais nas universidades são reservas de vagas por etnia, principalmente para as populações negra e indígena. O sistema tem como um dos principais objetivos equalizar oportunidades, já que essas pessoas nem sempre têm acesso a estudo de qualidade que auxilia a entrada na vida acadêmica.

racismo e homofobia nas universidades

No entanto, o preconceito invade e tangencia até mesmo essa parte reservada a minorias muitas vezes esquecidas. Uma dessas ocorrências de racismo e homofobia nas universidades aconteceu em uma faculdade do ABC Paulista.

A Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo passou a adotar o sistema de cotas há pouco tempo, fato a que muitos estudantes da instituição se mostram contra. Foram diversas manifestações de racismo e homofobia contra outros alunos. Na porta de um dos banheiros femininos foram pichadas frases como “fora sapatão”, “fora preta sapatão”, “odeio preto” e “fim das cotas”.

Por meio de nota, a instituição repudiou o ocorrido e disse que abriria sindicância para apurar o caso.

 

Casos de homofobia

Se a sociedade é intolerante, é bem provável que seus jovens e estudantes também reproduzam esse comportamento. Além das ocorrências de racismo, a homofobia é um crime de ódio recorrente nas instituições de ensino superior.

O Brasil é um dos países que mais mata homossexuais, travestis e transexuais no mundo. Essa postura de intolerância, muitas vezes verbalizada dentro dos lares, é reproduzida desde muito cedo: de acordo com a Pesquisa Nacional sobre o Ambiente Educacional no Brasil 2016, 27% dos alunos LGBT entrevistados já sofreram agressões na escola, outros 73% foram xingados por conta de sua orientação sexual.

Nas universidades – A homofobia no ambiente universitário acontece com o desrespeito vindo de outros alunos e até mesmo de docentes.

Em 2017, um professor de 80 anos, com mais de 50 anos como educador, foi afastado de suas atividades na Unipê (Centro Universitário de João Pessoa), na Paraíba. Durante uma aula de medicina legal, ele disse que o “homossexualismo” era uma “perversão” e “aberração”.

racismo e homofobia nas universidades

 

Denuncie!

As ocorrências de racismo e homofobia nas universidades precisam acabar e o melhor caminho para isso é a denúncia. Se você presenciar ou for vítima de um desses crimes no ambiente acadêmico, registre e denuncie. Saiba como:

  • Procure a coordenação do curso e os responsáveis na universidade para que providências internas sejam tomadas;
  • Vá até a delegacia mais próxima e faça um boletim de ocorrência. Se possível, reúna provas contra os agressores;
  • Se preferir, ligue para o Disque 100, serviço telefônico de recebimento, encaminhamento e denúncias de violações de direitos humanos;
  • As denúncias também podem ser feitas pela internet: www.humanizaredes.gov.br/disque100.

 

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