As estatísticas envolvendo acidentes de trânsito no Brasil são sempre difíceis de serem lidas. Não por sua complexidade ou por dados mal organizados, mas sim pelo amargor que causam na boca quem decide investigar mais a fundo qual a real situação que os motoristas e passageiros enfrentam diariamente nas rodovias do país. Se levados em conta os números dos últimos 10 anos, por exemplo, o número de óbitos no trânsito brasileiro ultrapassa o de vítimas da guerra da Síria.

Somente em 2018, de acordo com a Confederação Nacional de Transporte, foram registrados 69206 acidentes nas rodovias federais, sendo 53.963 com vítimas (mortos ou feridos). Do total de vítimas, houve 5.269 mortes. O número representa uma média de mais de 14 óbitos por dia, somente nas estradas federais.

Um dos tipos de acidente que se torna cada vez mais frequente e que precisa de atenção especial, principalmente por envolver inúmeras vítimas, é o de ônibus. Com estradas em péssimo estado de conservação, com curvas fechadas e longos trechos íngremes que prejudicam os freios dos veículos – isso sem contar os ônibus que rodam diariamente sem que a manutenção correta seja feita – os passageiros viajam pelo Brasil correndo sérios riscos.

O caso mais recente, que envolveu a morte trágica de uma garota de 13 anos no litoral de São Paulo, é um dos exemplos de como a soma de fatores pode ser prejudicial. Apesar das investigações estarem ainda em andamento, já se sabe que o veículo não tinha a permissão necessária para rodar, apresentou falha nos freios e por isso tombou. Mas não é “só” por isso. Aquele local já passou por situações idênticas ao menos outras três vezes somente em 2019. A estrada também tem “culpa”, assim como na grande maioria das situações.

Mas então, o que fazer? Além de cobrar dos governantes uma maior fiscalização nas rodovias federais, para que os veículos sem condições de seguir viagem sejam devidamente autuados e impedidos de rodar, é preciso cobrar que sinalizações, recapeamentos e obras sejam feitos para garantir a segurança da pista.

Além de tudo isso, claro, o consumidor deve sempre buscar informações sobre a empresa de ônibus que fará a viagem, buscar se existem reclamações ou processos contra ela (uma rápida busca no Google pode mostrar esse tipo de informação) e sempre checar as condições básicas do veículo antes de embarcar.

Quem viaja de ônibus também precisa prestar atenção em alguns detalhes para garantir a própria segurança e bem-estar durante o trajeto. Ao respeitar as normas, o passageiro não só evita acidentes, como preserva a própria vida e a de todos que estão usufruindo do transporte.

A ARTESP (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo) destacou os principais procedimentos de segurança que os usuários do serviço devem realizar:

  • Use o cinto de segurança. Apesar de muitas pessoas esquecerem, ele é obrigatório também no transporte coletivo rodoviário
  • Não consuma bebida alcóolica
  • Mantenha-se sentado e com o cinto de segurança preso sempre que o veículo estiver em movimento
  • Não carregue perto de si objetos pontiagudos e/ou cortantes
  • Leve dentro do veículo apenas objetos pequenos, leves e necessários, como documentos e aparelho celular. Guarde as malas no bagageiro e não se esqueça de guardar o comprovante da bagagem até o final da viagem, para retirá-la
  • Acomode a bagagem de mão no porta-embrulhos
  • Fale com o motorista somente o estritamente necessário
  • Siga as recomendações de segurança da empresa transportador