O trânsito no Brasil mata. Muito. A cada 1 hora, cinco pessoas perdem a vida nas ruas e estradas do país. São famílias que se tornam incompletas, despedaçadas, em uma fração de segundo, um acidente rápido que muitas vezes poderia ser evitado. Além das mortes, cerca de 20 pacientes chegam aos hospitais a cada hora por culpa de acidentes de trânsito. São dados absurdamente altos, que refletem a falta de prudência e segurança de nossas vias e causam um rombo gigantesco nos orçamentos do SUS (Sistema Único de Saúde).
fugir do local do acidente
De acordo com dados apresentados na última semana pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), que realiza em Brasília um evento nacional para tratar do problema, ao todo mais de 1,6 milhão de pessoas ficaram feridas em dez anos ao custo de R$ 3 bilhões ao SUS e 438 mil pessoas morreram no período. Ainda de acordo com o estudo, a imprudência é a principal razão para os desastres. Em 60% dos casos, quem morre tem idade entre 15 e 39 anos, enquanto 8,2% têm de zero a 14 anos e 8,4% são maiores de 60 anos. As estatísticas vão de encontro à nova estratégia do governo Bolsonaro, que declarou, também na última semana, que pretende “acabar” com a fiscalização por radares móveis nas rodovias federais do país. Os equipamentos, que o são chamados popularmente de pardal, seriam removidos dos locais onde já estão e novos deixariam de ser instalados.Polêmica presidencialEnquanto os estudos apontam que a imprudência é responsável por 80% dos acidentes, o presidente anunciou que medidas drásticas são necessárias para redução dos acidentes e que não existe a necessidade de colocação de radares em áreas de risco como curvas e ribanceiras.
Para alvoroço ainda maior, Bolsonaro disse que ninguém é “otário” para entrar em uma curva ou via perigosa a 80km\h e que é por isso que os radares não são necessários. A declaração, como não poderia deixar de ser, causou polêmica nos mais variados âmbitos da sociedade e acumula tanto defensores quanto críticos. Por enquanto a medida ainda não entrou em vigor, pois bate de frente com uma decisão da Justiça Federal que proíbe a retirada ou substituição de radares de rodovias federais – exceto se estiverem danificados.O que diz Sérgio MoroDessa vez a declaração do presidente não agradou nem o ministro da Justiça Sergio Moro. Depois de ficar acompanhar o discurso do presidente, moro encaminhou esssa semana à Câmara dos Deputados um documento sobre segurança no trânsito em que diz que os radares têm “potencial para colaborar” com a diminuição de acidentes. No documento há também uma planilha que atesta a redução de 59% de acidentes e mortes nas estradas federais entre 2014 e 2018, resultando numa diminuição de 36% das mortes no trânsito, no mesmo período. O texto não comenta as declarações do presidente, mas quer dizer muito. Isso porque a operação de radares móveis nas rodovias federais cabe à PRF, que está subordinada a Moro.