Muito tem se falado nos últimos tempos sobre xenofobia. Acontece que o problema, que parece algo do século passado, tem se tornado cada vez mais presente na sociedade e é necessário que se inicie um debate sobre o que leva uma pessoa a ter esse tipo de preconceito.

Primeiro, é preciso entender o que é a xenofobia. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), ela consiste em: “Atitudes, preconceitos e comportamentos que rejeitam, excluem e frequentemente difamam pessoas, com base na percepção de que eles são estranhos ou estrangeiros à comunidade, sociedade ou identidade nacional”.

xenofobia no brasil

Isso quer dizer que qualquer forma de violência baseada nas diferenças de origens geográfica, linguística ou étnica de uma pessoa pode ser considerada como xenófoba. Isso significa que nem sempre a xenofobia se direciona a um estrangeiro. Ela pode também ocorrer em relação a pessoas de determinada etnia dentro de um mesmo país, com costumes e cultura diferentes e que não correspondem à etnia predominante dentro daquele território.

Simplificando, é possível SIM que uma atitude de preconceito entre pessoas do mesmo território seja considerada xenófoba. Basta que o preconceito seja “motivado” por questões como cultura, hábitos e etnias diferentes.

Estudos recentes mostram que a xenofobia pode ser motivada por diversos motivos. Dentre eles:

  • O medo de perder status social e sua identidade;
  • A ideia de que apresentam uma ameaça ao sucesso econômico do cidadão, como na ideia de que os migrantes tomariam vagas de trabalho;
  • Um modo de reassegurar a identidade nacional e seus limites em tempos de crise;
  • Um sentimento de superioridade;
  • Pouca informação intercultural (o desconhecimento em relação ao estranho/estrangeiro e sua diferente aparência, cultura e costumes faz o indivíduo percebê-lo como ameaça).

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Xenofobia no dia a dia

Essa introdução toda foi pensada justamente para que você possa entender que a xenofobia pode ser praticada mesmo contra pessoas que nasceram no mesmo país e pode estar camuflada nas frases do dia a dia.

Quando uma pessoa se refere aos moradores do nordeste como “Baianos”, ou “Paraíbas”, sendo que existem diversos estados e cidades na região, por exemplo, ela mostra um desdém e uma ideia de superioridade. Isso é xenofobia.

Quando estereotipamos os orientais, mesmo que para dizer que eles são “inteligentes e bons em matemática”, estamos sendo xenófobos também. Os seres humanos são únicos e ter uma etnia específica não define as habilidades intelectuais.

O mesmo vale para as piadas com quem nasceu em Portugal, o discurso de ódio mascarado de piada contra os argentinos, e todos os outros comentários, brincadeiras e ofensas feitos única e exclusivamente por conta de a pessoa não ser “semelhante” a você.

O que muitas pessoas repetem no dia a dia como humor pode afetar a autoestima de quem é vítima dessas brincadeiras, causar traumas e danos, além de alimentar um preconceito contra quem, muitas vezes, já é minoria. Então é importante estar sempre atento para não ser um multiplicador desse preconceito.

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Como denunciar

Para aqueles que foram vítimas de xenofobia e buscam uma forma de fazer valer os seus direitos, o Ministério Público Federal aceita denúncias diretamente em seu site oficial. Além disso, é possível também reportar o preconceito por meio do Disque 100.