Desde que a Lei Maria da Penha entrou em vigor, tem crescido, no país, o número de medidas protetivas de urgência às vítimas de violência doméstica. Mas muitas mulheres ainda não têm noção da importância dessa proteção.Mulher1Difícil enxergar quando é hora de dar um basta na violência doméstica. Depois de cinco anos de agressões, uma mulher decidiu denunciar o ex-marido, que tentou matá-la asfixiada. “Eu estava morrendo na mão dele”, lembra.A auxiliar de serviços gerais conseguiu uma medida protetiva de urgência. Mesmo assim, as ameaças continuaram. Ele mandou a ex-mulher retirar a medida na Justiça. Com medo, ela foi ao fórum. “Aquele tormento todo na minha cabeça. Eu pensei: se eu for retirar ele vai me deixar em paz”, afirma.Juíza não permitiu.Mulher2“Eu acho muito importante conversar com a vítima, eu acho muito importante ouvir o que ela tem para dizer. Sem a presença obviamente do agressor e sem a presença dos advogados dele, porque eu quero entender o que tá acontecendo”, diz a juíza Teresa Cristina Cabral. No caso da vítima acima, a juíza responsável pelo caso não permitiu que a denúncia fosse retirada.A medida protetiva está prevista na Lei Maria da Penha para afastar a mulher do agressor e romper o ciclo de violência. O juiz pode determinar uma distância mínima e proibir o contato até com a família da vítima. Cada vez mais mulheres tem buscado esse tipo de proteção no Brasil: o número cresceu 10% entre 2014 e 2015.“O autor da violência acredita que aquela conduta dele é uma conduta normal, como se a mulher fosse sua propriedade. Essa resposta do estado, em regra, inibe. Porque é um posicionamento de que aquela conduta não é normal, não é correta. Se o autor descumpre, o juiz pode advertir. E se ainda assim ele descumpre, a prisão pode e deve ser decretada”, explica Valeria Scarance, coordenadora do Núcleo de Gênero do MP/SP.Foi o que aconteceu com o ex-marido da auxiliar de serviços. Ele ficou preso seis meses. E saiu há pouco tempo. “Nunca mais ele foi procurar minha família. Coisa que ele fazia antes. Então, pela medida protetiva, ele tem sim uma certa cautela de se aproximar”, conta.Fonte: Globo.com