O PCC (Primeiro Comando da Capital) tornou-se uma quadrilha transnacional e já está estabelecida também no Paraguai. Além de ser um dos grandes agravantes da violência nos estados brasileiros que fazem fronteira com as zonas produtoras de droga, a facção agora tem forte presença nos presídios paraguaios e chegou inclusive a “tomar o poder” de algumas dessas penitenciárias. O governo paraguaio divulgou na última semana que cerca de 400 presos no país estão ligados à facção criminosa brasileira.

Uma delas é o presídio em San Pedro del Ycuamandiyú, que fica relativamente distante da fronteira do Brasil, a mais de 200km de distância. No início do mês, criminosos ligados ao PCC mataram outros dez presidiários durante uma rebelião iniciada logo após o almoço.

violência nos presídios

O caso levou o governo do Paraguai a anunciar a expulsão de presos brasileiros do país. O ministro do Interior do Paraguai, Juan Ernesto Villamayor, informou que cerca de 10% dos membros do PCC presos em cadeias do país são brasileiros e que neste momento o Paraguai trabalha para que entre 12 e 14 presos desse grupo sejam expulsos.

Apesar de a expulsão de um estrangeiro ser uma ação unilateral, ou seja, decisão que compete apenas ao país que expulsa, o Paraguai tem mantido contato com o Brasil e espera que essas extradições sejam feitas em conjunto.

Muitos são os tramites para que isso aconteça e a Polícia Federal do Brasil trabalha num acordo de cooperação para recepção desses presos. Além de toda a documentação e procedimentos administrativos, é preciso que o Brasil defina para qual presídio esses primeiros 14 criminosos serão enviados.

Com o PCC e o Comando Vermelho travando batalhas pelo comando de presídios em todo o país, é preciso que o destino desses presos seja bem avaliado e que medidas extras de segurança sejam tomadas para que a violência nas penitenciárias brasileira não aumente.

Cabe lembrar que essa não é a primeira vez que presos ligados ao PCC são expulsos do Paraguai. Em novembro do ano passado, o traficante Marcelo Fernando da Veiga, conhecido como Piloto, foi enviado ao Brasil. Em março deste ano, foi a vez de Thiago Ximenes, o Matrix, ser “devolvido” para sua terra natal.

A facção tenta desde 2016 assumir o controle de rotas de tráfico de drogas, armas e de contrabando para o Brasil. E tem se tornado uma das principais facções atuantes no Paraguai, batendo de frente com os grupos locais e assumindo o controle de diversas penitenciárias.

narcotráfico no brasil

Nos últimos três anos a disputa pelo controle do tráfico na fronteira Brasil-Paraguai matou pelo menos 30 pessoas, muitas assassinadas em emboscadas. Isso sem contar as mortes que estão relacionadas ao tráfico, porém não diretamente à disputa da fronteira, nem as contabilizadas em presídios.

Não é só a fronteira com o Paraguai que tem enfrentado sérias dificuldades relacionadas ao PCC e o CV. A guerra de facções já se tornou um problema de segurança pública em todo o país. O crescimento da violência letal no Acre, por exemplo, está ligado à guerra por novas rotas do narcotráfico, que saem do Peru e da Bolívia. Essa disputa envolve três facções criminosas: PCC, o CV e o Bonde dos 13 (B13). O Ministério Público do Estado do Acre mapeou mais de 10 rotas, a maioria delas perto da fronteira com o Peru, onde os entorpecentes são transportados por via fluvial e depois terrestre, até chegar ao Rio Branco. É lá, principalmente, onde são travadas as batalhas com maior número de vítimas pelo comando do tráfico na região.

Há uma estimativa de que 75% das drogas do mundo, principalmente a cocaína, entram pela Amazônia, por meio das fronteiras que interligam o Acre, o Amazonas e parte do Mato Grosso, áreas integrantes da Amazônia Legal.