Muito já falamos aqui sobre os altos índices de violência aos quais as mulheres estão expostas no Brasil. Diariamente centenas de mulheres são agredidas, físicas ou verbalmente, e carregam sequelas físicas ou emocionais por toda a vida.

Agravando ainda mais a questão, um estudo do Ministério da Saúde, divulgado esta semana, mostrou que a busca pela segurança da mulher tem ainda outro obstáculo: as mulheres brasileiras vítimas de violência física, sexual ou mental têm um risco de mortalidade oito vezes maior se comparado à população feminina em geral.

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A pesquisa analisou cerca de 800 mil notificações de violência contra mulheres feitas por serviços de saúde, além de avaliar mais de 16 mil mortes associadas à mulheres vítimas de violência entre 2011 e 2016. Os dados foram coletados por meio do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).

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A mortalidade em números

Quando analisados os números de atendimentos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2016, sobre as 243.259 vítimas de violência que procuram atendimento médico, as mulheres representam 70% do total. Sendo que a maioria delas, também 70%, sofreram as agressões dentro de casa. Em 28% dos casos, a violência era de repetição.

Mulheres que sofreram violência física (63% dos casos notificados), e de repetição tiveram sete vezes mais chances de morte, seguida da violência sexual (5,7 vezes) e psicológica (5,4 vezes).

O estudo concluiu, com base nesses dados, que as mulheres jovens, entre 20 e 29 anos, casadas ou em união estável que são vítimas de violência têm 14 vezes mais risco de morte do que uma mulher nessa faixa etária, com o mesmo estado civil, que não é agredida.

A depressão também aumenta o risco

Se engana quem pensa que esses dados consideram apenas as mortes que são consequência direta do abuso. Mais do que “apenas” morrer pelas mãos do agressor, as mulheres se tornam mais vulneráveis por conta das sequelas emocionais que carregam.

A morte por diabetes, por exemplo, também é muito maior (4x) quando se trata de vítimas de violência, aponta o estudo. Nesse caso, a motivação do aumento está relacionada ao fator depressão, que pode ser um desencadeador da doença.

As mulheres que sofrem diariamente com a violência doméstica adoecem muito mais facilmente, pois se encontram em um nível de estresse, baixa autoestima e depressão que as impede de tomar os cuidados necessários com alimentação, com a saúde e o fortalecimento do sistema imunológico.

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Como Denunciar

De acordo com o anuário brasileiro de segurança pública, existem apenas 443 delegacias especializadas no atendimento às mulheres em situação de violência em todo o país. Isso significa que menos de 10% dos 5.570 municípios do país, além do DF, contam com o serviço. Porém o canal telefônico é uma boa alternativa.

O Ligue 180, Central de Atendimento à Mulher, é o serviço oferecido pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. A ligação é gratuita e confidencial. Esse canal de denúncia funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, no Brasil e em outros 16 países.

Além de registrar denúncias de violações contra mulheres, encaminhá-las aos órgãos competentes e realizar seu monitoramento, o Ligue 180 também dissemina informações sobre direitos da mulher, amparo legal e a rede de atendimento e acolhimento.