Quantas vezes você estava lendo uma matéria em um portal de notícias, vendo um vídeo do seu canal favorito ou mesmo passando pelo feed das suas redes sociais e, quando decidiu ler os comentários, sentiu uma profunda decepção? Críticas, ofensas, xingamentos, tudo isso sem que necessariamente haja um motivo que mereça tamanho esforço e direcionamento de ódio. Lembrou de uma situação assim? São as ações dos haters na internet, que fazem vítimas virtualmente todos os dias.
Você sabe o que são haters? Os “odiadores”, palavra que traduz o termo de forma mais literal, são aqueles que postam críticas e comentários de ódio sem muito critério, com o único objetivo de desestabilizar seu alvo e sem se importar com seus sentimentos ou sua moral.
As ações e os comportamentos dos haters na internet são mais comuns nas redes sociais ou nos assuntos que se referem a artistas, celebridades e famosos de forma geral. No entanto, eles também podem aparecer comentando reportagens e ofendendo pessoas anônimas pelo puro prazer de causar polêmica.
A equipe do Violência Social preparou um post completo para que você entenda melhor como os ‘odiadores’ agem nesses comentários e de que forma é possível denunciar comentários agressivos e preconceituosos.
> A disseminação do discurso de ódio nas redes sociais;
> Os efeitos psicológicos para quem sofre com os haters na internet;
> Posicionamento da Alemanha frente às ações de haters nas redes sociais;
> Novas ferramentas que “protegem” os usuários contra os discursos de ódio;
> Foi vítima de ofensas? Saiba como denunciar crimes virtuais.
Haters na internet: o discurso de ódio nas redes sociais
O projeto Comunica que Muda divulgou um estudo, em 2016, a respeito do comportamento dos internautas nas redes sociais, e o resultado do experimento foi bastante negativo no quesito temas sensíveis.
O algoritmo buscou em redes como Facebook, Twitter e Instagram, as mensagens que eram publicadas sobre racismo, posicionamento político e homofobia. Cerca de 84% das 393.284 menções identificadas continham abordagem negativa, exposição de preconceito e discriminação.
A misoginia também faz parte desse discurso e ódio gratuito àqueles com ideais políticos diferentes – tudo isso em meio à democracia e à liberdade de pensamento.
Os haters na internet são uma forma de agressão “invisível”, já que eles são incapazes de criticar, xingar e ofender outras pessoas pessoalmente e se escondem atrás de computadores e smartphones.
As consequências para as vítimas dos haters
A internet pode ser usada para o bem e para o mal e, se muitos preferem utilizá-la para atacar outras pessoas, a melhor arma para combater o ódio é não entrar na mesma sintonia dos agressores. Nos casos mais necessários, o ideal é combater com medidas legais e alerta aos responsáveis por determinado espaço virtual.
Por outro lado, os traumas para as vítimas dos haters podem ser reais. Para o médico e psicólogo Roberto Debski, esse tipo de violência pode acarretar efeitos negativos.
“Isso pode afetar a autoestima, atingir mesmo que injustamente a imagem pública e influenciar outras pessoas a respeito. Nesses casos, há necessidade de buscar ajuda profissional, legal e psicoterapia”.
Para o especialista, o respeito é o principal caminho para lidar com críticas e opiniões diferentes na internet – e em qualquer meio.
“A maneira mais saudável para isso é o respeito à diversidade. O que não se deve aceitar é a violência daqueles que não toleram e nem sabem conviver com quem é diferente de si. Quando ele é encarado com respeito e abertura, pode proporcionar novo entendimento e novo mapa de mundo, mesmo para quem continuar com as ideias originais”.
O posicionamento da Alemanha em relação aos haters
A Alemanha tem uma política de tolerância zero às publicações de discursos de ódio. Em junho do ano passado, os parlamentares alemães aprovaram uma nova lei para aplicar multas de até 50 milhões de euros a redes sociais que não tirarem do ar publicações com esse tipo de conteúdo criminoso em até 24 horas após a notificação.
Apelidada de “Lei Facebook”, a legislação se aplica também ao Youtube, Twitter e quaisquer outros sites que possuam mais de dois milhões de usuários alemães.
Quando a denúncia de posts não relatar um conteúdo flagrantemente agressivo, o caso pode ser avaliado em até sete dias. Mas, caso as redes não tomem uma atitude após serem notificadas, poderão ser punidas com multa de 5 milhões de euros. Dependendo da extensão do descumprimento, a penalidade pode chegar à casa dos 50 milhões de euros.
Ferramentas e tecnologia contra o discurso de ódio
Já pensou em um seguro para proteger contra os haters na internet? Não só é possível, como a tecnologia já pode ser utilizada por muitos internautas.
A plataforma de vendas de seguros online Youse desenvolveu o plugin “Seguro Contra Haters” com a proposta de proteger os usuários das mensagens de ódio na internet.
Disponível para download na loja do Google Chrome ou no site oficial, a ferramenta pretende mapear os conteúdos online e, ao identificar palavras ou expressões de ódio, irá escondê-los.
Como denunciar?
Ofensas, xingamentos, exposição e todo crime de ódio vindo dos haters pode e deve ser denunciado! Saiba como se proteger, reportando o ocorrido:
- Reúna provas: prints e gravações de tela, por exemplo, são fundamentais para comprovar o crime;
- Registre o caso: faça um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima, também é possível fazer a denúncia ligando para o 190 ou para o Disque Denúncia, por meio do 181;
- Busque um especialista: se possível, vá diretamente a uma delegacia especializada em crimes virtuais. Caso não haja nenhuma desse próxima a você, procure um advogado com experiência em casos de crimes que tiveram origem na internet.
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