De fraude bancária à gasolina adulterada, existe uma vasta rede de criminosos especializados em golpe contra o consumidor
Você sabia que muitas pessoas sofrem golpes de lojas e empresas e nem sequer se dão conta disso todos os dias? Pois é. A propaganda enganosa, a prática de entregar um serviço diferente do que foi contratado, a dificuldades de acionar a garantia após a compra de um produto e problemas com combustível adulterado são tipos de golpe com os quais nos deparamos com frequência e nem sempre recebem a atenção que merecem.
São muitos os tipos de golpe contra o consumidor e por isso separamos algumas dicas e depoimentos que podem ajudar você a não ser a próxima vítima.
- Golpes contra o consumidor atingem milhões de brasileiros por ano
- Fraudes bancárias
- Aumento da oferta de e-commerce também aumenta os riscos
- É preciso buscar seus direitos
- Dicas de como se proteger
Golpes contra o consumidor
De acordo com um levantamento da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), de setembro de 2017 a setembro de 2018 quase 8 milhões de brasileiros foram vítimas de algum tipo de golpe contra o consumidor.
O estudo verificou que a maior parte das ocorrências (41%) se trata de clonagem de cartão de crédito, mas também estão na lista infrações como uso indevido do nome para contratação de empréstimos (12%), utilização de documentos para abertura de crediário (10%), pagamento de boletos falsos (10%), clonagem de cartão de débito (7%), falsificação de cheque (7%), clonagem de placa de veículo (7%), dentre muitos outros.
“As fraudes bancárias, como faturas falsificadas, cartões clonados, são a maioria hoje em dia e atingem principalmente os aposentados. É preciso ficar atento também aos golpes que envolvem os e-commerces, eles vem crescendo a cada dia”, comenta o advogado Leandro Reimberg.
Fraude bancária também é golpe contra o consumidor
O aposentado Julio Biffi já foi vítima de 3 golpes envolvendo bancos e cartões. Muitas pessoas não sabem, mas esse tipo de fraude também está enquadrada no Código de Defesa do Consumidor e é possível ser ressarcido de todos os prejuízos.
“O primeiro foi há mais de 10 anos. Fui em um posto de gasolina e o meu cartão foi clonado por meio de uma maquinha que chamavam de “chupa cabra” na época. Além de sacar todo o dinheiro da minha conta, ainda fizeram um empréstimo de R$ 5 mil que eu tinha pré aprovado e também sacaram. O segundo foi mais recente. Fui sacar dinheiro e o cartão ficou preso no caixa eletrônico. Usei o telefone da própria agência para reportar. Quando apuraram pelas câmeras de segurança, viram que uma pessoa usou o caixa eletrônico logo depois de mim, pegou o cartão e retirou todo meu saldo. Por fim, no último caso hackers entraram no sistema do banco e sacaram o dinheiro de muita gente, inclusive o meu. Em todos os casos, abri ocorrência no banco e fui ressarcido cerca de duas semanas depois”, conta Julio.
De acordo com Reimberg, a vítima agiu corretamente nos três casos. De acordo com o advogado, o melhor caminho para solucionar problemas envolvendo instituições bancárias é sempre procurar primeiramente a agência e abrir uma sindicância. Nesses casos, a questão costuma ser resolvida somente com essa ação, mas caso não seja, o consumidor pode acionar o PROCON, a ouvidoria do Banco Central e até partir para as providências jurídicas.
Compras não tão seguras pela internet
Com o aumento da oferta de lojas online, vendas por meio das rede sociais, e sites de compra e venda, aumenta também o risco de fraudes. Foi o que aconteceu com o estudante Wesley Gabriel dos Santos Pereira, que viu o sonho de comprar um novo celular se tornar um pesadelo.
“Eu tinha acabado de receber a minha rescisão e decidi comprar um iPhone 7 em um site super barato que estava anunciando no Instagram e Facebook. Conversei com a pessoa, tudo certo, e fiz o pagamento. O aparelho nunca chegou. Fui conversar com advogados, mas não tem como rastrear a pessoa que me vendeu, nem pelos dados do depósito. Perdi mais de R$2 mil. Na hora que percebi que tinha sofrido um golpe me bateu muito arrependimento e tristeza. Mas ficou uma lição, o barato saiu bem caro no final”, conta Wesley.
O principal agravante nesse caso foi a falta de informações que pudessem ajudar a justiça a encontrar o criminoso. Reimberg explica que esse é um dos pontos que precisa de mais atenção quando falamos do ambiente online.
“Em compras pela internet é preciso estar atento ao aspecto do site, se tem informações claras sobre quem está vendendo, se existe um endereço físico da loja para que você possa reclamar em caso de qualquer problema. Além disso, é preciso cuidado com o ambiente de pagamento. Evite depósitos, prefira sites que tenham uma área de pagamento que ofereça ao menos duas opções, como cartão e boleto bancário, ou que seja vinculada com sites como o paypal”, ensina o advogado.
Além disso, o consumidor deve sempre lembrar de coletar “provas” durante o processo, como prints da página inicial do site, a página de venda do produto e a confirmação do pagamento. Tudo isso terá valor na hora de provar que você foi vitima de um golpe.
Mas em alguns casos, nem todas essas precauções são o bastante para evitar que a fraude ocorra. A dona de casa Rosangela de Souza se preocupou em procurar um site confiável para comprar um celular e acabou com um prejuízo.
“Comprei um celular pela internet, pelo site da Casas Bahia. Sete dias depois eu já não conseguia usar o aparelho. Ele travava, não abria os aplicativos, além de ser lento. Entrei em contato com a fabricante do celular e pedi a troca. Me falaram que eu não podia trocar e me passaram um passo a passo de como apagar tudo que tinha no aparelho e resetar. Fiz, continuou com defeito, entrei em contato novamente. Eles me passaram o endereço da autorizada para que eu levasse o celular. Ele ficou um mês na autorizada e voltou com os mesmos problemas. Pedi novamente a troca do aparelho ou a devolução do dinheiro e eles me falaram que não podiam trocar, que era para que eu levasse novamente na autorizada. Eu disse que já não queria mais nem trocar, só queria meu dinheiro de volta. No fim, o celular continua aqui, ainda não funciona, e eu descobri depois, quando fui comprar um novo aparelho direto com a minha operadora, que o celular com defeito na verdade é falsificado e muito provavelmente foi por isso que não fizeram a troca. Não sei se eu poderia ter feito algo a respeito”.
No caso de Rosangela, o fabricante desrespeitou diversas regras, assim como o site que realizou a venda. Quando um consumidor adquire um produto pela internet, ele tem um prazo de 7 dias para devolver e ter o dinheiro de volta sem precisar apresentar qualquer justificativa. Além disso, produtos como celulares, que são duráveis, possuem uma garantia de 90 dias garantida por lei. Dentro desse prazo, o fabricante é obrigado a realizar a troca do produto ou devolver todo o valor pago, sendo direito do cliente escolher como quer proceder.
Em busca dos direitos
A jornalista Sandra Barone é um exemplo de quem precisou de fato acionar a justiça para que seus direitos como consumidora fossem respeitados. Durante um período de 11 meses ela morou fora do Brasil e contratou uma agência de móveis para guardar todos os itens da sua casa até seu retorno, desde geladeira até talheres e pratos.
“Quando eu decidi retornar, entrei em contato e eles ainda estando no exterior e pedi para entregarem para a minha cunhada. Não me devolveram quase nada. Recebi fotos, enfeites, pertences de outras pessoas… pouquíssimas coisas. Me roubaram tudo. Eles chegaram a dizer que haviam sido roubados cinco meses antes e que levaram minhas coisas. Mas eu nunca fui informada disso. Tomei todas as atitudes legais que eu poderia, além de publicar na internet, Reclame Aqui. Hoje tenho ações contra eles correndo tanto na vara cível quanto na criminal”, conta.
Assim como Sandra toda pessoa que passa por algum tipo de problema que fere seu direito enquanto consumidora pode e deve acionar o estabelecimento que a lesou e solicitar a resolução do caso. Se a solicitação não for atendida todo consumidor pode procurar o PROCON, bem como o sistema judiciário para fazer valer os direitos previstos por lei.
Confira abaixo mais algumas dicas para não ser pego por um golpe contra o consumidor.
– Saiba de quem você está comprando. Certifique-se da idoneidade da empresa.
– Desconfie de produtos com preço muito mais baixos do que os praticados no mercado e esteja sempre de olho em sites que comparam preços para não cair em falsas promoções, em que eles aumentam o preço original do produto para dar a sensação de que a margem de desconto está maior.
– Pesquise sobre a reputação da empresa e sempre exija nota fiscal. Assim você estará garantido caso precise trocar o produto ou pedir seu dinheiro de volta.
– Nada de aceitar os termos sem ler. Preste atenção em contratos e termos de garantia antes de assiná-los. Em caso de qualquer dúvida, procure um advogado. Um golpe muito comum das empresas é incluir cláusulas no contrato que anulam as anteriores e, com isso, você se vê desprotegido.
– Agora dicas para quem dirige: Abasteça sempre no mesmo posto, procure um que possua uma bandeira confiável e preste atenção no rendimento do seu carro. Isso também facilita na hora de cobrar uma possível indenização, caso o posto tenha vendido gasolina adulterada.
– De modo geral, bancos não se comunicam com os clientes por e-mail. Desconfie ao receber extratos ou faturas do seu banco por e-mail;
– Jamais confirme dados pessoais ou bancários por telefone ou e-mail. Caso tenha que confirmar algo, peça que o atendente fale ao menos os primeiros números do seu cpf, por exemplo, e confirme os poucos restantes. Caso seja alguma empresa que diga que precisa atualizar o seu cadastro, diga que no momento não pode falar e ligue você mesmo para o serviço de atendimento ao consumidor.
– Não acesse e-mails ou sites de banco em computadores públicos e tenha sempre um bom antivírus em seu celular e computador pessoal. Atualize-os e faça a varredura com frequência.
– Sempre faça o logout de redes sociais, e-mails, sites de banco, mesmo quando estiver usando o seu computador pessoal. Assim, você evita que seus dados fiquem armazenados no aparelho e em caso de roubo ou furtos você não sai prejudicado.
– Prefira os cartões de crédito com chip e senha. Eles são muito mais difíceis de clonar e em caso de perda, roubo ou furto o ladrão não conseguirá utilizá-lo
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