Violência financeira é um dos principais motivos de denúncias em todo o país
A Central Judicial do Idoso divulgou dados que apontam que quase um terço das denúncias (31,4%) que chegaram até o Tribunal de Justiça do Distrito Federal no primeiro semestre deste ano são de violência psicológica. Em segundo lugar, vêm os casos de violência financeira (30,3%). De acordo com o órgão, a violência psicológica é caracterizada por agressões verbais ou gestos que afetam a autoestima, a autoimagem, a identidade ou aterrorizam o idoso, bem como ameaças e insultos.
Já a violência financeira se dá pela exploração indevida da renda ou apropriação do patrimônio do idoso. Uma das explicações plausíveis para o grande número de casos de violência financeira é o aumento dos benefícios concedidos por idade pelo estado. A grande maioria dos abusadores são membros da família, que se apropriam dos créditos conquistados pelo idoso graças ao benefício maior e entram em dívidas e financiamentos.
Segundo o TJ, as principais vítimas são mulheres (59,7%) e a faixa etária mais atingida foi de 76 a 80 anos (25,2%). Filhos (42,5%) e outros familiares (11,8%) são os principais responsáveis. Pessoas viúvas foram as mais afetadas (31,6%) e a faixa de renda mais comum é a que vai de um a dois salários mínimos (30,3%).
Cenário de repete em todo o Brasil
Se o grande número de idosos sendo enganados no DF impressiona, é preciso olhar para o restante do Brasil e perceber que a realidade não é diferente nos outros estados. Nos últimos anos, a terceira idade tem sido a faixa etária que mais se endividou, de acordo com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O estudo mostra que o número de calotes cresce duas vezes mais rápido entre consumidores com mais de 65 anos. A dívida mais comum entre os idosos é o chamado empréstimo consignado, que é descontado diretamente da sua aposentadoria ou pensão.
Uma grande parte deste endividamento está associada à obtenção de empréstimos para atender os interesses financeiros de parentes próximos, além do interesse dos próprios bancos e financeiras, que se empenham a cada dia para ampliar e facilitar de forma agressiva os empréstimos consignados para este grupo etário. A família e os bancos têm sido os principais responsáveis pelo abuso financeiro contra os idosos.
Desde que foi autorizado, em 2004, o crédito consignado para pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aumentou significativamente. Nos últimos seis anos, esses empréstimos cresceram 50% a mais do que as operações tradicionais. O empréstimo consignado movimenta R$ 243 bilhões por ano no país. Deste total, R$ 73 bilhões (30%) são relativos aos beneficiários do INSS. O grande objetivo, no início, era fazer com que os idosos voltassem a ter um maior poder de compra e a participar ativamente da economia nacional. Porém o cenário atual não é tão benéfico para eles, uma vez que que a maior facilidade de aprovação de empréstimos atrai os bancos, que lucram com os juros cobrados a cada prestação, e os familiares, que enxergam a oportunidade de obter dinheiro sem complicações.
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