Como já dissemos aqui diversas vezes, o Brasil não é um país seguro para as mulheres. De acordo com dados recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, por exemplo, uma brasileira sofre algum tipo de agressão em casa a cada dois minutos.
São situações que refletem em todos os ambientes que fazem parte do dia a dia das mulheres e seus familiares. Isso inclui, inclusive, as interações e rendimentos no trabalho.
Para tentar entender o quanto as empresas têm se dedicado a questões como essa, a pesquisa “A violência e o assédio contra a mulher sob a perspectiva corporativa”, realizada pelo o Instituto Maria da Penha, o Instituto Vasselo Goldoni e a consultoria de recrutamento Talenses, com apoio da ONU Mulheres, contou com a participação de 311 empresas com atuação no Brasil. Metade delas com um quadro de funcionários formado majoritariamente pelo público feminino.
Os dados, coletados no primeiro semestre de 2019, mostram que, apesar de 68% das companhias acharem que esse é um assunto que deve ser encaminhado no ambiente corporativo, o mesmo percentual admite que não oferece nenhum tipo de apoio à funcionárias que sofrem com casos de violência doméstica.
Ainda de acordo com o estudo, apenas 25% das empresas realmente monitoram e atuam em casos de mulheres que sofrem com algum tipo de violência, enquanto 55% delas afirmaram não agir nesse sentido e outros 19% não sabem comentar o assunto.
Os três principais motivos que levam as empresas a não fazer esse monitoramento são: não está na agenda prioritária da organização (33%), falta de apoio da liderança (12%) e dificuldade de mensurar e controlar (12%).
Pode parecer que isso, de fato, não é “tarefa” das empresas. Mas, também de acordo com o Instituto Maria da Penha, as funcionárias que foram vítimas de abusos desse tipo se ausentam, em média, 18 dias ao ano no trabalho.
É um desfalque que pode trazer prejuízos financeiros para as companhias e que, por esse motivo, deveria ser olhado com mais atenção.
Quem também avaliou o impacto da violência doméstica no mercado de trabalho foi o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os dados coletados pelo instituto mostram que 52,2% das vítimas de violência doméstica trabalham, porém 24,9% não são economicamente ativas.
Esse é mais um ponto que precisa ser estudado pelas empresas. A falta de autonomia financeira mínima parece influenciar na decisão das vítimas, que acabam se mantendo em relacionamentos tóxicos e abusivos por não enxergarem formas de se manter e, muitas vezes, sustentar os filhos.
Você sabia que os parceiros que controlam o dinheiro de suas companheiras, as proíbem de trabalhar, ou mesmo destroem seus pertences, roupas ou documentos, podem ser enquadrados por violência patrimonial? E responder criminalmente de acordo com a Lei Maria da Penha?
Pois é! A legislação, que em 2019 completa 13 anos de existência, prevê a violência patrimonial quando o outro usa o dinheiro ou bens materiais da mulher para ter controle sobre ela. Alguns sinais de violência patrimonial são: destruir objetos, esconder documentos, trocar as senhas do banco sem avisar, negar acesso ao dinheiro do casal.
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