Tempo de aproveitar a vida, conhecer pessoas novas, sair para descobrir o mundo e se divertir. A adolescência é intensa, repleta de mudanças hormonais que afetam as emoções e o comportamento, e de novidades como a descoberta da sexualidade. Mas e quanto o luto é somado a esses sentimentos já tão intensos?

Na última semana o Brasil parou para assistir a notícia de um jovem ator que foi assassinado, assim como seus pais, pelo próprio sogro, dentro da casa da namorada. A jovem, de apenas 18 anos, vai precisar agora aprender a conviver com um sentimento que derruba até mesmo os adultos mais maduros. Além disso, milhares de adolescentes que conviviam com o rapaz ou o assistiam pela televisão, afinal ele foi um dos destaques de Chiquititas, uma novela voltada para crianças, convivem agora com o luto.

O grande problema de ver um amigo ou um jovem conhecido falecer é que, além da dor, os adolescentes são tomados por uma sensação até então desconhecida: a de que eles também estão sujeitos a isso. Sim, a vida, que parece tão longa, pode acabar. Para quem ainda está na transição entre infância e vida adulta, ter consciência sobre sua própria morte é um processo difícil.

Agarrados na ideia de que precisam crescer e se tornar independente dos pais, muitos jovens acabam se apoiando em amigos, incluindo namorados e namoradas, para encontrar um pouco mais de acalento nesse momento de dor. Mas os pais precisam estar atentos e mostrar que estão por perto, com a mão estendida para ajudar.

Mais do que isso, os pais precisam estar cientes de que na adolescência os jovens costumam mascarar sentimentos por pensarem que é dever deles lidar com os problemas por conta própria, afinal, são quase adultos. Mas ninguém, especialmente um jovem, deve lidar com o próprio luto sozinho.

Veja abaixo algumas dicas práticas para se lidar com o luto de um adolescente:

  • Alerte a escola: Os professores precisam estar cientes de que neste momento a prioridade é cuidar da saúde emocional daquele jovem e que o foco pode acabar ficando bem longe das provas e trabalhos. Peça também que os professores fiquem atentos a mudanças muito bruscas de comportamento desse adolescente ou qualquer sinal que possa indicar que ele não está bem.
  • Converse sobre a morte: Tire o tabu sobre esse tema desde cedo. Quando o peixinho morre e os pais simplesmente colocam outro igual dentro do aquário, eles estão privando as crianças de começarem a se ambientar com a ideia de “irreversível”. Essas crianças vão crescer e se tornarão adolescentes que nunca precisaram se preocupar com perdas definitivas.
  • Estabeleça um vínculo de confiança:escute sem julgamento e sempre cumpra o que foi combinado. Se você, como mãe, ouviu um desabafo do seu filho e prometeu não contar para ninguém, não conte. Nem mesmo para o pai. É preciso que o tempo do jovem seja respeitado. Aos poucos, ele vai se abrir com todos, mas se naquele momento ele escolheu se abrir só com você, não traia a confiança dele.
  • Não “apague” a pessoa que faleceu: Fingir que aquela pessoa nunca existiu ou nunca mais falar sobre ela não vai fazer com que o jovem se sinta melhor, muito pelo contrário. Ele já perdeu todas as novas oportunidades que teria de convívio com essa pessoa, não faça com que ele tenha que abrir mão também das memórias que guardou.
  • Acompanhe de perto: Logo após o falecimento, é preciso de uma atenção intensa sobre esse adolescente. Ele precisa entender que tem pessoas ao seu lado que se preocupam com ele e que estão dispostas a ajudar. Com o passar dos meses, é uma tendência natural que muita gente já tenha superado o fato e não se preocupe mais se ele está bem, esse é o momento dos pais mostrarem que continuam por perto e que entendem que o luto de cada um tem um tempo para passar.