Começou ontem o Setembro Amarelo, uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio que se estende por todo o mês e é marcada por diversas ações, como palestras, passeatas, divulgação de vídeos e, o mais importante: debate e compartilhamento de informações. Criada em 2015 no Brasil pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), a campanha tem como proposta garantir que a causa tenha cada vez mais visibilidade no país.

E o problema a ser combatido é bem sério. Atualmente, 32 brasileiros se suicidam por dia. No mundo, os números assustam ainda mais: é computada uma morte a cada 40 segundos. Aproximadamente 1 milhão de pessoas se suicidam todos os anos. E esses são só os dados computados. Sabe-se que no total, se levarmos em conta os problemas de subnotificação, a estatística é bem maior. Além disso, os especialistas estimam que o total de tentativas supere o de suicídios em pelo menos dez vezes.

Mas como esperar que as pessoas que sofrem caladas busquem ajuda se não falarmos abertamente sobre os problemas que afetam a saúde mental de todos nós? É preciso que as pessoas se unam em torno dessa causa e é por isso que nós, do Segurança da Família, começamos hoje um especial de cinco matérias totalmente voltadas à segurança mental. Fique atento às nossas publicações essa semana, compartilhe, converse com aqueles que estão perto de você e, caso precise, peça ajuda!

A Solidão dos idosos

Para começar a falar sobre saúde mental, decidimos começar por uma parcela da população que muitas vezes é esquecida: os idosos. A solidão e a tristeza são problemas cada vez mais presentes na realidade de todos, mas para as pessoas de mais idade essas aflições podem ter consequências bastante graves.

E, o que é ainda mais sério, o abandono das pessoas de mais idade não é algo incomum. As rotinas do dia a dia fazem com que os filhos e netos acabem, muitas vezes, “deixando para amanhã” a visita aos pais e avós (seja na casa deles mesmo ou nas casas de repouso). E muitos sofrem quando esse “amanhã” nunca chega.

violência contra o idoso

Em todo o mundo a situação acontece com muita frequência: depois da aposentadoria e de começar a ter algumas dificuldades de locomoção, os idosos são isolados da família, abandonados por aqueles que acreditam que os mais velhos não podem mais acompanhar a vida social de quem ainda está na flor da idade.

Muitos estudos têm sido feitos ao redor do mundo para tentar identificar quais as consequências que a solidão pode trazer para as pessoas nas faixas etárias mais avançadas.

Pesquisadores da Universidade de Chicago descobriram que o isolamento pode aumentar o risco de morte em 14% nos idosos. O estudo detectou ainda que o estresse provocado por essa sensação induz respostas inflamatórias nas células, afetando, entre outras coisas, a produção dos leucócitos, estruturas que defendem o organismo de infecções.

Pesquisa semelhante foi feita pela Universidade de Brigham Young, publicada na revista especializada Perspectives on Psycological Science. Depois de comparar as estatísticas de mortalidade de idosos, a publicação constatou que a solidão é tão prejudicial à saúde quanto fumar 15 cigarros por dia ou ser alcoólico.

Recentemente, a revisão de 23 artigos científicos levou pesquisadores da Universidade de York a concluir que a solidão aumenta em 29% o risco de doenças coronarianas e em 32% o de acidentes vasculares.

A solidão dos idosos é grave e precisa, urgentemente, ser tratada com a seriedade que merece. Além de desencadear uma série de consequências físicas, ela também é responsável por uma alta taxa de depressão.

Sim, uma grande parcela da população está triste, doente, sozinha. São milhares de pessoas sofrendo, que não sabem que existem muitas outras como elas. É preciso que os mais jovens tenham consciência da responsabilidade afetiva para com os mais velhos. Que se abra espaço para refletir sobre a solidão na terceira idade e sobre o papel de cada um de nós na reversão desse cenário.