Com a vida corrida, trabalho e filhos para organizar a agenda, é comum que você acabe se afastando de algumas pessoas. Comum também é, infelizmente, o abandono de idosos nas casas de repouso. A solidão e a tristeza são problemas cada vez mais presentes na realidade de todos, mas para as pessoas de mais idade essas aflições podem ter consequências bastante graves.
Depois de pararem de trabalhar e começarem a apresentar mais dificuldade para sair e realizar as tarefas do cotidiano, muitos idosos acabam se encontrando isolados da família, abandonados por aqueles que acreditam que os mais velhos não podem mais acompanhar a vida social de quem ainda está na flor da idade.
Essa triste realidade acompanha idosos em todo o mundo. Não à toa, o Reino Unido criou o “Ministério da Solidão”, que busca achar soluções para o problema no país. No Japão, a solidão é tamanha que muitos idosos tem cometido crimes propositalmente, para irem para a cadeia e não ficarem mais sozinhos em casa.
E no Brasil o cenário é o mesmo. Apesar de o Estatuto do Idoso estabelecer que o período máximo entre visitas deve ser de 30 dias, é comum que parentes de pessoas idosas que moram em casas de repouso tenham que ser acionadas pelo Ministério Público para responder pelo abandono.
Consequências da solidão
Muitos estudos têm sido feitos ao redor do mundo para tentar identificar quais as consequências que a solidão pode trazer para as pessoas nas faixas etárias mais avançadas. E os resultados não são nada positivos.
Pesquisadores da Universidade de Chicago descobriram que o isolamento pode aumentar o risco de morte em 14% nos idosos. O estudo detetou ainda que estresse provocado por essa sensação induz respostas inflamatórias nas células, afetando, entre outras coisas, a produção dos leucócitos, estruturas que defendem o organismo de infecções.
Pesquisa semelhante foi feita pela Universidade de Brigham Young, publicada na revista especializada Perspectives on Psycological Science. Depois de comparar as estatísticas de mortalidade de idosos, a publicação constatou que a solidão é tão prejudicial à saúde quanto fumar 15 cigarros por dia ou ser alcoólico.
Recentemente, a revisão de 23 artigos científicos levou pesquisadores da Universidade de York a concluir que a solidão aumenta em 29% o risco de doenças coronarianas e em 32% o de acidentes vasculares.
Medo da solidão
O abandono é tão real no dia a dia dos idosos, que o maior medo do idoso brasileiro é a solidão. De acordo com uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia o medo de se ver sozinho no mundo ultrapassou a preocupação com a incapacidade de enxergar ou se locomover e o desenvolvimento de doenças graves.
Em 2015, a população com mais de 60 anos no Brasil, era de 11,9%. Estima-se que em 2050, esse número triplique para 30,5%. É preciso pensar na saúde mental dos idosos e em que mundo queremos envelhecer.
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