Se a justiça tem avançado em leis de proteção às minorias, como os LGBTs, a realidade “nas ruas” ainda continua cruel. De acordo com dados do Disque 100, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH), divulgados há poucas semanas, quase 1700 denúncias de violência contra LGBTs foram registradas somente no último ano.

O número representa uma queda de 2% em relação a 2017, ano em que foram registrados 1.720 casos (foram 1.685 em 2018). Porém, o próprio Ministério afirmou que isso não significa necessariamente que os casos de violência diminuíram.

Estatisticamente, sim, são registradas quedas desde 2015 nos balanços. Mas, no dia a dia, o que se observa é que cada vez mais pessoas tem se omitido, optado por não denunciar, por acreditarem que não haverá qualquer tipo de providência por parte das autoridades.

preconceito contra LGBT

Assim como nos casos de violência contra a mulher, muitos são os motivos que levam a população LGBT a não denunciar as agressões – sejam elas físicas ou psicológicas. Seja por medo dos agressores, que muitas vezes são os próprios familiares, por não terem o conhecimento necessário sobre quais são seus direitos, ou mesmo por julgar que nada pode ser feito para acabar com o preconceito em um país como o nosso, o fato é que Lésbicas, Gays, Travestis, Transgêneros e Bissexuais se calam todos os dias.

A violência em números

Os dados mostram que 70,56% das denúncias foram por discriminação. Os abusos psicológicos, como injúria e humilhação, somaram 47,95% dos casos. Em seguida, aparece a violência física, que corresponde a 27,48% das violações e, por último, a violência institucional, com 11,51%.

O balanço do Disque 100 traz também o perfil das vítimas. 32% dos que denunciaram eram gays, 31% transgêneros, 9,7% eram lésbicas e 2,5% bissexuais. Sendo os jovens, entre 18 e 30 anos, os mais afetados.

Cabe sempre lembrar que isso não significa que as lésbicas, por exemplo, sejam menos afetadas pelo preconceito do que os gays. Mais uma vez, quando falamos de minorias que já sofrem uma série de preconceitos no dia a dia os dados mostram não só os casos, mas também uma tendência maior de alguns grupos em denunciar, enquanto outros optam por não o fazer.

preconceito contra LGBT

Os locais da violência

Outro dado relevante presente no balanço do MDH é o local onde a violência costuma ocorrer. Segundo o estudo, a rua é o local onde mais acontecem casos de violência contra LGBTs, com 32,32%. Já a casa da vítima, aparece também em local de destaque, estando presente em 20% das denúncias.

Números de 2019

Em uma prévia dos primeiros cinco meses do ano, o Grupo Gay da Bahia (GGB) divulgou no último mês que 141 mortes de pessoas LGBT foram registradas no período em todo o Brasil. Segundo a entidade, foram 126 homicídios e 15 suicídios, o que representa a média de uma morte a cada 23 horas.

O levantamento do GGB é feito com base em notícias publicadas em veículos de comunicação, informações de parentes das vítimas e registros policiais.