E se além de devastar famílias e causar sequelas permanentes na saúde dos sobreviventes, a violência no trânsito ainda causasse danos financeiros (e bilionários) para o País? Pois de acordo com o estudo “Estatísticas da Dor e da Perda do Futuro: novas estimativas”, do economista Claudio Contador, diretor do Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES), da Escola Nacional de Seguros, o Brasil perdeu o equivalente a R$ 197 bilhões em 2015 com a violência no trânsito.O estudo avalia o impacto econômico provocado pela morte de 43 mil pessoas e dos 525 mil casos de invalidez permanente resultantes de colisões e atropelamentos. O cálculo refere-se à interrupção da atividade produtiva como resultado da incapacidade de trabalho.Tomando com base os indicadores do Dpvat, a análise de Cláudio indica que a cada ano cerca de 664 mil pessoas são envolvidas em acidentes de trânsito no Brasil e que isso leva a uma perda equivalente a 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.Transito 1O número assustador foi obtido levando em conta que a grande maioria das vítimas está em idade ativa. Do total de óbitos, 75% são homens e 25%, de mulheres. Entre os homens mortos, 92% têm entre 18 e 64 anos. Ou seja, pertencem a um grupo em plena produção de riquezas para a sociedade. O impacto econômico causado pela perda de mão de obra é chamado de Valor Estatístico da Vida (VEV), o quanto a pessoa deixa de produzir anualmente por morte ou invalidez. No Brasil, este valor é de R$ 2.200.No topo dos estados com mais mortes decorrentes da violência no trânsito, estão São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Segundo o estudo do CPES, o impacto econômico nesses estados foi de R$ 33,9 bilhões, R$ 29,9 bilhões e R$ 14,5 bilhões, respectivamente. Já o Nordeste lidera em número de inválidos: 184 mil, dos quais 63 mil apenas no Ceará e 31 mil em Pernambuco.Existem medidas sendo tomadas em alguns locais e os impactos positivos jpa começam a ser notados. No Rio de Janeiro, por exemplo, houve uma queda de cerca de mil mortes ao volante e cerca de dois mil casos de invalidez. A redução foi provocada, em grande parte, pelo rigor com que a Lei Seca é aplicada no Estado.Em São Paulo o número também caiu, tanto no estado quanto na cidade. Segundo balanço da Secretaria da Segurança Pública, o número de mortes caiu 27% na capital e 20% no Estado. Outros levantamentos, feitos com metodologia diferente, também apontam queda. Na capital, segundo a apuração da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), as mortes em acidentes caíram 21% no período de janeiro a novembro em comparação com o período equivalente em 2014. No Estado todo, de acordo com dados do governo paulista, as mortes recuaram 11% no período de abril a dezembro de 2015 ante o mesmo período de 2014. A prefeitura e o governo atribuem as quedas à ações de segurança viária, como a redução dos limites de velocidade na capital e investimentos nas rodovias do Estado.Mas há casos em que a situação é muito mais grave. Em Roraima, a perda chega a 14,2% do PIB estadual. No Ceará, o impacto chega a 10% e no Espírito Santo, a 7,51%.Nos últimos anos o Brasil tem adotados diversas medidas para tentar enfrentar a epidemia de acidentes no trânsito, como o endurecimento da Lei Seca e a obrigatoriedade do cinto de segurança e das cadeirinhas infantis. O Governo Federal adotou também o Plano Global para a Década de Ação para a Segurança no Trânsito 2011–2020. A resposta pós-acidente é um dos cinco pilares do plano. No Brasil, na linha de frente está o Samu, que atende mais de 150 milhões de pessoas. Porém a maior parte das vítimas fatais de acidentes – 1,25 milhão por ano em todo o mundo – morre antes de chegar a um hospital.