A violência nos estádios e em seus entornos aumenta a cada dia. Sair de casa para assistir a um jogo de futebol requer uma série de cuidados com a segurança, principalmente para quem vai em família, e as cenas de confronto – que mais parecem uma guerra – são cada vez mais comuns.
Pensando em como proteger o torcedor, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 3427/19, que determina a criação de um “disque denúncia” para combater a violência nos estádios. O texto prevê que o número 112 seja reservado para a central de denúncias e que as ligações sejam gratuitas, sejam elas feitas por telefone fixo o celular.
Conforme o texto, ambos os clubes envolvidos em uma partida de futebol serão responsabilizados por eventuais episódios de violência. A proposta determina ainda que os donos de estádios deverão fornecer espaços e mobiliário para a instalação de juizados e delegacias do torcedor.
O deputado Julio Cesar Ribeiro, autor do projeto, reforça ainda que é importante que as pessoas não precisem se identificar ao ligar para o 112. “Grande parte das mortes nos embates das torcidas organizadas estão partindo de facções criminosas infiltradas. O ideal é a possibilidade de serem feitas denúncias anônimas”, explica.
A proposta ainda não foi aprovada e tramita em caráter conclusivo. Após a Câmara, ela será analisada pelas comissões: do Esporte; de Constituição; de Justiça e de Cidadania.
Proibição das organizadas
Enquanto o projeto não é aprovado, juízes tem tentado garantir a segurança dos torcedores por meio da proibição de algumas torcidas organizadas. No final de julho foi a vez da Camisa 12, uma das principais torcidas organizadas do Corinthians, time de São Paulo.
A Camisa 12 está proibida de entrar nos estádios. O Ministério Público de São Paulo encaminhou um ofício à Federação Paulista de Futebol recomendando que membros da organizada não entrem nas arenas com camisas, faixas ou adereços.
O pedido aconteceu após os atos de violência da torcida no jogo entre Corinthians e Flamengo, pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro. Na ocasião, 50 torcedores tentaram fazer uma emboscada na parte externa do setor Sul, próximo ao portão G da Arena Corinthians. A polícia interveio e oito torcedores foram presos, quatro deles identificados como integrantes da organizada.
A Camisa 12 é a segunda torcida a ser proibida de entrar nos estádios em menos de um mês. No dia 4 de julho, o Ministério Público proibiu também a entrada da torcida Independente, do São Paulo. As razões foram os seguidos conflitos causados pela torcida.
O mais recente ocorreu no confronto entre São Paulo e Cruzeiro, no dia 2 de junho, pelo Campeonato Brasileiro, quando membros da torcida participaram de uma briga generalizada na Praça Charles Miller, em frente ao Pacaembu.
Violência também verbal
Mais do que apenas a violência física, os estádios se transformaram em um local de propagação de preconceitos. Os gritos de torcidas, sejam elas organizadas ou não, deveriam ter o propósito de animar e levantar o time e até desestabilizar os adversários. Mas, ao invés disso, o que se ouve das arquibancadas são manifestações de desrespeito com quem está dentro e fora de campo, além de muita incitação à violência.
Desrespeito, violência e hostilidade põe em xeque o verdadeiro espírito esportivo, a proposta de aproximar torcidas e clubes e de trazer mais crianças e famílias inteiras ao estádio, um espaço que deveria ser dedicado à alegria, à democracia e à liberdade de escolha de torcer.
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