Há quem acredite que o racismo se resume a ofender diretamente outra pessoa em razão de sua cor ou de sua raça. Há também aqueles que pensam que a violência racial nem mesmo existe no Brasil. A realidade, por outro lado, continua sendo de um mundo cruel que agrupa pessoas segundo suas origens. Um dos casos mais recentes e emblemáticos foi o de modelos negras que sofreram ofensas e foram comparadas a escravas em um desfile no Distrito Federal.

modelos negras

Modelos desfilam na edição 2017 do concurso Top Cufa DF. Proposta é promover a beleza das mulheres das periferias

Em uma sociedade racista e violenta, a beleza negra é, muitas vezes, questionada. Além disso, desde a infância muitas meninas se vêem pressionadas a seguirem um padrão imposto, geralmente abandonando suas raízes e apelando para procedimentos que proporcionem uma beleza socialmente idealizada.

Para que você entenda melhor o racismo sofrido pelas modelos negras no DF, o Violência Social preparou um post completo:

> Veja as ofensas e a violência racial sofrida por modelos negras em concurso no DF;

> Racismo é crime; saiba como denunciar.

 

Modelos negras são vítimas de racismo em concurso

No último final de semana, mais de 180 mulheres entre 16 e 25 anos participaram da primeira seletiva do concurso Top Cufa em um shopping de Taguatinga, no Distrito Federal.

O desfile e o concurso são dedicados às mulheres que vivem nas periferias do Brasil, com enfoque na valorização da negritude. Apesar disso, mulheres de belezas e origens diferentes participavam do desfile.

As modelos negras foram alvos de ofensas racistas, ridicularização e preconceito em um grupo de WhatsApp envolvendo três homens. Na troca de mensagens, um deles se refere às participantes como “coisa horrorosa”.

As ofensas seguem em tom de brincadeira de mau gosto e um deles compara as modelos a uma imagem de escravas enfileiradas com cestas na cabeça. Em determinado momento, outro homem contesta o conteúdo das mensagens, e outro finaliza: “agora o cara é obrigado a achar as preta bonita (sic)?”.

Os prints da conversa foram divulgados na internet e a Polícia Civil investiga o caso. A suspeita é que os envolvidos sejam menores de idade e que se trate de um grupo de colegas de escola. Caso a dúvida seja confirmada, o caso será encaminhado para a Delegacia da Criança e do Adolescente.

O caso foi registrado na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial pelo organizador do evento e presidente da Central Única das Favelas (Cufa) no DF, Bruno Kesseler.

Beleza negra – Alisamento, cirurgias plásticas e procedimentos estéticos para a máxima aproximação de um padrão socialmente idealizado. Muitas mulheres se submetem a essas situações visando atingir a inalcançável perfeição.

Por muito tempo, a beleza da mulher negra foi desvalorizada, associada à sexualização e vista como alvo de uma pressão estética redobrada. Concursos como esse valorizam, enaltecem e respeitam a beleza natural de mulheres e modelos negras.

Apesar da mudança de pensamento e de padrão que ele representa, o desfile e suas participantes são vítimas do ódio e da violência racial.

modelos negras

 

Racismo é crime, denuncie!

Caso você presencie ou seja vítima desse tipo de racismo, denuncie os agressores. O registro da violência racial permite que a polícia identifique os suspeitos e, dessa forma, as ofensas e o desrespeito não permanecerão na impunidade. Saiba como:

  • Vá até a delegacia mais próxima e faça um boletim de ocorrência. Se possível, reúna provas contra os agressores;
  • Se preferir, ligue para o Disque 100, serviço telefônico de recebimento, encaminhamento e denúncias de violações de direitos humanos;
  • As denúncias também podem ser feitas pela internet: www.humanizaredes.gov.br/disque100.

 

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