A diferença salarial entre brancos e negros no Brasil é um indicativo do racismo estrutural que permeia o nosso país. De acordo com a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2019, a diferença de ganhos chegou a 45% no último ano.

Se considerarmos somente as pessoas com ensino superior completo, a diferença salarial ainda é bastante grande (31%) segundo cálculo do Instituto Locomotiva. Além disso, uma pesquisa realizada pelo instituto com 1.170 pessoas em 43 cidades demonstrou que a percepção dos brasileiros está afinada com essa realidade. De cada dez entrevistados, cinco (55%) disseram que pessoas brancas têm mais oportunidades de estudo, e 65% afirmaram que brancos têm mais chances no mercado de trabalho. Entre os não negros, 63% reconheceram ter mais oportunidades.

racismo contra titi

Os números são bastante preocupantes, ainda mais quando levamos em conta que 56% da população brasileira se autodeclara parda ou negra. Uma maioria da população tem estado desamparada pela sociedade, trabalhando em condições desiguais. E essa realidade é sentida na pele – e gera muitas preocupações.

Dentre os diversos temas ligados ao preconceito racial que assola o nosso país, a inclusão no mercado de trabalho é o mais urgente para a população negra. Ao menos segundo a pesquisa “Consciência entre Urgências: Pautas e Potências da População Negra no Brasil”, divulgada no início de dezembro pelo Google Brasil.

Se acordo com o estudo 46% dos entrevistados considera a colocação profissional como um dos assuntos prioritários para a vida das pessoas negras. O estudo foi realizado pela consultoria Mindset e pelo Instituto Datafolha e ouviu 1,2 mil pessoas pretas e pardas ao longo do último mês de outubro.

Estatísticas

Um dos principais motivos para essa preocupação foi a pesquisa do IBGE que identificou que, no ano passado, a população preta e parda do país ficou entre a maioria dos trabalhadores desocupados (64,2%) ou subutilizados (66,1%).

Além disso, a informalidade também atinge mais essa parcela dos brasileiros. Enquanto 34,6% de pessoas brancas se encontram em condições informais de trabalho, a informalidade atinge 47,3% de pretos e pardos.

A preocupação com o racismo estrutural e a violência com os negros também é grande. Principalmente se levarmos em conta, novamente, os dados do IBGE. Isso porque essa parcela da população tem 2,7 mais chances de ser vítima de assassinato do que os brancos.

racismo e homofobia nas universidades

Enquanto a violência contra pessoas brancas se mantém estável, a taxa de homicídio de pretos e pardos aumentou no ano passado em todas as faixas etárias. Houve aumento da taxa de homicídios por 100 mil habitantes da população preta e parda, passando de 37,2 para 43,4. Enquanto para a população branca esse indicador se manteve constante no tempo, em torno de 16.

Representatividade

Segundo o estudo da Google, sete em cada dez negros não se sentem representados pelos governantes. Votar em candidatos negros é uma pauta importante para 61% da população negra, tendo mais apelo entre os menos favorecidos economicamente (73% entre as classes D e E) do que entre que estão melhor colocados socialmente — 47% nas classes A e B. Para 69%, as marcas comerciais tratam de forma superficial ou oportunista temas relacionados à negritude.