Nas últimas semanas, a iminente estreia de “Coringa”, filme que conta a história de vida de um dos vilões mais famosos do cinema, se tornou alvo de preocupação em todo o mundo. O motivo? Grupos na deep web ameaçavam realizar atentados contra a vida dos espectadores nas sessões de estreia do longa.

Nenhuma das ameaças, felizmente, saiu da área cibernética e não há, até o momento, relatos de qualquer tipo de situação de perigo durante as exibições. Foi um alarme falso, mas que levanta questões importantes de segurança em estabelecimentos privados.

Casos famosos

O grande motivo de tanta tensão envolvendo os posts na deep web é o histórico, bastante triste, de ataques em cinemas em um passado recente. O mais famoso, inclusive, envolveu um filme também da franquia Batman.

O caso ocorreu em 2012, quando James Holmes matou 12 pessoas, ao abrir fogo contra uma multidão durante a estreia do filme “Batman: O cavaleiro das trevas ressurge”, em um cinema em Aurora, Colorado, nos Estados Unidos, no dia 20 de julho de 2012. Antes de fazer inúmeros disparos, o homem lançou uma bomba de gás contra a plateia. Outras 70 pessoas ficaram feridas, doze delas durante o tumulto para fugir do local. Holmes foi condenado à prisão perpétua.

James foi condenado 12 vezes à prisão perpétua

A população brasileira sabe bem a sensação de impotência ao ver um momento de lazer, como uma ida ao cinema, se transformar em pânico. Em 3 de novembro de 1999, o estudante de medicina Mateus da Costa Meira, de 34 anos, entrou em uma das salas de cinema em São Paulo durante a sessão do filme “Clube da luta”, e abriu fogo contra a plateia. Armado com uma submetralhadora 9 mm, Mateus atirou contra 66 espectadores. Ao todo, três pessoas morreram e quatro ficaram feridas.

Preso em flagrante, Meira foi condenado em 2004 e ficou em São Paulo até 2009, quando conseguiu autorização para cumprir pena na Bahia, seu estado natal. Primeiro levado à Penitenciária Lemos Brito, em Salvador, foi transferido para o Hospital de Custódia e Tratamento (HCT), na mesma cidade, após esfaquear um colega de cela. Neste segundo crime, ele foi absolvido do crime de tentativa de homicídio, mas com a condição de que ficasse internado, por tempo indeterminado, em um centro psiquiátrico. Ele se encontra na instituição até hoje.

Matheus da Costa Meira

Além destes, outros massacres e ataques ocorridos dentro das salas de exibição chamaram a atenção do mundo. Mas, afinal, como estar seguro em uma situação como essa? É possível adotar medidas de segurança que protejam sua família em um local público como esse?

Segurança nos cinemas

Primeiramente, é preciso reforçar que, no Brasil, o Corpo de Bombeiros tem normas claras de segurança para qualquer tipo de prédio ou estabelecimento público. O objetivo é justamente garantir que, em caso de emergência, as pessoas possam ser evacuadas o mais rápido possível.

É determinado, por exemplo, que os locais devem contar com um extintor a cada 20m, uma luz de emergência a cada 15m e pelo menos duas saídas de emergência. As portas com barra antipânico devem ter, no mínimo, 1,20 m de largura e sinalização luminosa (ou com cores fortes).

Além disso, as próprias exibidoras devem fornecer o treinamento necessário aos funcionários, para que eles saibam como agir rapidamente em uma situação de perigo. A sinalização adequada e orientações claras sobre como procurar um local seguro podem ser determinantes em um ataque como os mencionados acima.

Como se proteger

Mas, além de todos esses cuidados que o próprio estabelecimento deve tomar, você, como espectador, deve também saber como agir para garantir a sua segurança e a de toda a sua família.

– Fuja sempre que possível. Sim, essa parece uma dica óbvia, mas muitas vezes as pessoas tentam primeiro encontrar um lugar para se esconder, e só depois pensam nas rotas de fuga. O ideal, no entanto, é que seja feito o caminho inverso! Primeiro você tenta fugir, saindo o mais rápido possível do local onde o atirador está. Caso isso não seja possível, aí sim você deve pensar onde se esconder.

– Seja rápido. Em um momento de ataque, qualquer minuto perdido pode ser determinante. Por isso, a vítima deve agir rápido, correr direto para a saída de emergência ou rota de fuga e não se preocupar com qualquer pertence pessoal que ficar para trás.

– Corra em linha reta. Sabe aquela tática de andar em ziguezague para evitar ser atingido? Ela funciona mais nos filmes do que na vida real. Geralmente, a melhor alternativa é ser ágil e fugir até um local seguro. Em linha reta mesmo, diretamente para a saída.

– Leve outras pessoas com você. Incentive as pessoas a correrem também e salve vidas. Se passar por alguém que aparente estar desorientado, pegue-o pelo braço e leve-o com você.

– Se não houver como fugir, se esconda. Tente se encaixar embaixo das poltronas ou atrás de alguma porta. O importante é sair da área de visão do criminoso.

– Mantenha a calma. Sim, nós sabemos, é praticamente impossível se manter calmo em um atentado, mas é necessário ao menos tentar. A grande maioria dos ataques começa e termina com muita rapidez. Em cerca de 15 minutos, os tiros tendem a terminar. Por isso, agir rápido, manter a calma e permanecer em absoluto silêncio são as principais “regras” de sobrevivência.