Quando o ambiente que deveria oferecer mais proteção é palco de crimes, o caso toma conta da mídia. O público se choca e começa o questionamento: como proteger a segurança da família quando pais, mães, cônjuges ou filhos são os culpados?

Para relembrar os casos que abalaram os noticiários brasileiros e podermos promover a reflexão sobre como a justiça agiu em cada caso e quais as motivações por trás de crimes tão cruéis, preparamos uma lista dos crimes em família que marcaram o Brasil.

Caso Rhuan Maycon

Mais recente caso dessa lista, a morte do menino Rhuan Maycon da Silva Castro, de 9 anos, ainda não foi julgada, mas chocou o país por toda a crueldade envolvida.

Rosana, mãe de Rhuan, e a companheira dela, Kacyla, assassinaram o menino e esquartejaram o corpo no dia 31 de maio, em Samambaia, no Distrito Federal. Em seguida, o casal jogou partes do corpo em um bueiro. De acordo com especulações, o crime foi cometido por misandria, que é a repulsa, desprezo ou ódio contra o sexo masculino.

Mas essa não foi a primeira vez que elas agrediram o garoto. Rosana Auri e Kacyla Pryscila irão responder também por lesão corporal gravíssima e tortura. Isso porque, de acordo com denúncias, a mãe tirou o filho dos cuidados dos avós paternos no Acre e o levou para viver em endereço desconhecido com a companheira, onde diversas torturas eram cometidas. As duas chegaram, inclusive, a decepar o órgão genital de Rhuan. Atualmente elas estão detidas enquanto aguardam o julgamento.

Caso Nardoni

No dia 29 de março de 2008, o Brasil parou para assistir o desenrolar da história de uma menina de então cinco anos de idade que foi arremessada da janela do Edifício London, em um bairro da zona norte de São Paulo. Isabella de Oliveira Nardoni morreu ao ser jogada da janela do apartamento do pai, que durante toda a investigação alegou que alguém havia invadido a residência e cometido o crime.

As investigações, no entanto, levaram a polícia diretamente para Alexandre Nardoni, o pai, Anna Carolina Jatobá, a madrasta. De acordo com a perícia, a garota teria sido agredida pelos responsáveis até desmaiar, com as agressões tendo começado ainda no carro do casal.

Ao acreditarem que a menina já estava sem vida, Alexandre e Anna Carolina cortaram a tela de proteção da janela do quarto e jogaram Isabella, que estava desacordada, para fora.

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram condenados por homicídio doloso qualificado, e vão cumprir pena de 31 anos, 1 mês e 10 dias, no caso dele, com agravantes pelo fato de Isabella ser sua descendente, e 26 anos e 8 meses de reclusão no caso de Anna Jatobá, ficando caracterizado como crime hediondo.

Caso Richtofen

Todo brasileiro se lembra da imagem de Suzane Louise von Richthofen, uma jovem de classe média alta de São Paulo, chorando durante o enterro de seus pais, que foram brutalmente assassinados em sua própria casa enquanto dormiam.

O que ninguém poderia prever naquele momento é que foi a própria jovem que planejou o crime e ajudou a coloca-lo em prática. Daniel e Christian Cravinhos, respectivamente namorado e cunhado de Suzane, assassinaram Manfred e Marísia von Richthofen na madrugada do dia 31 de outubro de 2002 no Brooklin, bairro nobre de São Paulo, enquanto a jovem – que foi quem abriu a porta da casa para que eles entrassem – esperava na sala.

De acordo com relatos dos próprios assassinos, o trio arquitetou um plano para simular latrocínio, roubo seguido de morte, com o objetivo de receber a herança que competia à Suzane e “se ver livre” do casal, que não aprovava o relacionamento da filha com Daniel.

Suzane e Daniel Cravinhos foram condenados a 39 anos e 6 meses de prisão; Cristian Cravinhos foi condenado a 38 anos e 6 meses de reclusão. Suzane continua presa desde então, enquanto Daniel está desde 2013 em regime semi-aberto. Christian, que estava em regime semi-aberto desde a mesma data do irmão, voltou para a reclusão em 2019 após ser acusado de agressão à ex-namorada, roubo e suborno.

Caso Bernardo

Bernardo Boldrini era um garoto de apenas 11 anos quando foi assassinado no dia 4 de abril de 2014. Morto por uma dose letal de anestésicos, o menino só foi encontrado 10 dias depois, em uma cova vertical na área rural de um município do Rio Grande do Sul.

Mais uma vez, a investigação levou a polícia para dentro da casa da vítima. Bernardo, que vivia com o pai e a madrasta após sua mãe ter cometido suicídio alguns anos antes, foi assassinado pelos seus próprios tutores. Atualmente, a veracidade da carta de suicídio da mãe é também contestada e se especula que a genitora de Bernardo tenha sido vítima da mesma dupla criminosa.

O pai, Leandro Boldrini, foi sentenciado em 2019 a 33 anos e 8 meses de prisão. Graciele Ugulini, madrasta de Bernado que teria sido a responsável pela aplicação da injeção, foi condenada a 34 anos e 7 meses.

Foram condenados também: Edelvânia Wirganovicz, amiga da família que ajudou Graciele no momento do homicídio, que deverá ficar presa por 22 anos e 10 meses, e Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, que cumprirá 9 anos e 6 meses por ter auxiliado no crime e na ocultação do cadáver.

Caso Gil Rugai

Em 2004 o estudante universitário Gil Rugai, de 29 anos, se tornou o centro das atenções na mídia ao ser acusado de assassinar seu próprio pai e a madrasta, na zona oeste de São Paulo, com 11 tiros.

A motivação do homicídio de Luiz Carlos Rugai e Alessandra de Fátima Troitino teria sido por vingança, após Gil ser expulso de casa por desfalcar em R$ 25 mil a empresa do pai. O assassino foi reconhecido por um vigia e está preso.

Caso Matsunaga

Elize Araújo Kitano Matsunaga assassinou o marido, Marcos Kitano Matsunaga, com requintes de crueldade após descobrir uma traição em maio de 2012.

Durante a investigação, a própria Elize confessou ter esquartejado o corpo e ocultado as partes em malas de viagem, que foram abandonadas em um matagal no interior de São Paulo. O crime aconteceu no apartamento do casal. Atualmente a assassina está presa em Tremembé, mesma unidade prisional que abriga Anna Carolina Jatobá, Alexandre Nardoni e Suzane von Richthofen.