A violência sexual contra criança e adolescentes é um problema recorrente no Brasil. De acordo com os dados do Boletim Epidemiológico, divulgado no ano passado pelo Ministério da Saúde, entre 2011 e 2017, foram notificados 184.524 casos de violência sexual no Brasil, sendo 58.037 (31,5%) contra crianças e 83.068 (45,0%) contra adolescentes, concentrando assim 76,5% dos casos notificados nessas faixas etárias.

São números alarmantes, que causam medo e repúdio, e que se tornam ainda piores quando pensamos que a avaliação das características sociodemográficas de crianças vítimas mostrou que, do total de crianças e adolescentes, 51,2% estavam na faixa etária entre 1 e 5 anos. É uma estatística muito alta, para uma idade muito baixa.

vítimas de violência sexual

Os dados revelam que as nossas crianças estão sofrendo! Pensar na segurança infantil sem levar em conta que esse número tão grande de jovens – e bebês – tem sido vítima todos os anos de crimes tão cruéis, beira o irresponsável! É preciso conversar com as crianças, orientar, os pais devem ser a principal fonte de segurança dos filhos e precisam estar sempre abertos para ouvir o que eles tem a dizer e acreditar nas histórias que eles contam.

Sim, muitos pais e responsáveis não acreditam nas histórias relatadas pelos pequenos ou mesmo não percebem que algo está errado. Provavelmente isso aconteça porque, ainda de acordo com o Boletim Epidemiológico, em números gerais, 33,7% dos eventos de violência sexual contra crianças tiveram caráter de repetição, 69,2% ocorreram na residência e 4,6% ocorreram na escola.

pornografia infantil

Cartilha pode ajudar

Pensando em como educar essas crianças e fazer com que elas saibam que tipo de contato é aceitável e qual é errado, além de orientar os pais e responsáveis sobre como denunciar, a Polícia Militar do Paraná criou uma série de cartilhas informativas. São materiais com foco nos pais, nas autoridades e nas crianças.

Com ilustrações e uma linguagem simples, a cartilha escrita para os menores traz informações como: não aceitar caronas nem presentes de estranhos, cuidados com contatos na internet, nunca deixar ninguém tocar suas partes íntimas, dentre uma série de outros ensinamentos. Além disso, a cartilha explica que as crianças devem sempre procurar apoio nos três pilares da rede de convívio: a escola, os familiares e a polícia.

Dados de 2018

Comparando-se os anos de 2011 e 2017, observa-se um aumento geral de 83,0% nas notificações de violências sexuais e um aumento de 64,6% e 83,2%, respectivamente, nas notificações de violência sexual contra crianças e adolescentes.

abandono de crianças

E 2018 não ficou abaixo dessas estatísticas. Dados do Disque 100 mostram que, só no ano passado, foram registradas um total de 17.093 denúncias de violência sexual contra menores de idade. A maior parte delas é de abuso sexual (13.418 casos), mas há denúncias também de exploração sexual (3.675). Só nos primeiros meses deste ano, o governo federal registrou 4,7 mil novas denúncias.

É preciso orientar as crianças, denunciar, cobrar que as autoridades punam da maneira adequada os abusadores. As crianças no Brasil correm perigo e cabe a nós, adultos, a preocupação com a segurança de cada uma delas.