Apesar do clima de tensão presente na sociedade desde o início do ano, uma notícia que pode significar uma melhora na busca da segurança das famílias foi divulgada essa semana. De acordo com o índice nacional de homicídios, criado peloG1, com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal, o país registrou uma queda de 24% nas mortes violentas no primeiro trimestre de 2019 – em relação ao mesmo período do ano passado.

mortes violentas no brasil

A análise mostrou que o Brasil teve3,2 mil mortes violentas a menos em janeiro, fevereiro e março deste ano. O número representa um avanço, porém não podemos desconsiderar que o total de assassinatos no Brasil ainda continua alto. O levantamento faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O estudo revelou também que todos os estados do país, com exceção do Paraná que não divulgou seus índices, registraram redução nos assassinatos no período. Quatro deles ultrapassaram os 30% de queda: Ceará, Amapá, Sergipe e Rio Grande do Norte.

Causas

Diversos podem ser os motivos para essa redução e os dados ainda são muito recentes para que se possa afirmar qual o principal e como o país se comportará no próximo semestre, mas algumas causas prováveis podem ter contribuído.

São elas:

  • Diminuição da tensão entre as facções depois da crise nos presídios que se prolongou por 2017 e boa parte de 2018
  • Mais instrumentos para atuar no comando das facções
  • Compartilhamento de políticas públicas entre todas as esferas
  • Programas estaduais de redução da violência
  • Criação do Sistema Único de Segurança Pública
  • Pressão da opinião pública

Pronunciamentos oficiais

Como já é de costume, o presidente Jair Bolsonaro usou a sua conta no Twitter para comentar sobre os estudos divulgados e aproveitou o momento para fazer uma crítica à oposição.

“Dados oficiais dos estados confirmam queda de 24% dos homicídios o Brasil no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2018. ‘Especialistas’ dirão que a queda não tem relação com nossas ações, mas se o número tivesse aumentado, certamente culpariam o governo”, escreveu.

Já o ministro da Justiça, Sergio Moro, parabenizou os estados, municípios e o próprio presidente, além de deixar claro que essa queda ainda representa só um começo e que é preciso muito trabalho para que ela se torne permanente.

 “Em todos os Estados que visito, o comentário é de que o número de crimes tem caído desde janeiro. Mérito de muitos, Governos locais e federal, do PR Bolsonaro. Muito ainda a fazer e o mais relevante é transformar isso em tendência permanente. Mas não deixa de ser um bom começo”, afirmou também por meio da rede social.

Os tipos de morte

A ferramenta criada pelo portal em parceria com as universidades permite o acompanhamento dos dados de vítimas de crimes violentos mês a mês no país. São consideradas mortes violentas os homicídios dolosos, feminicídios, latrocínios e lesão corporal seguida de morte. Vale ressaltar que não estão computadas as mortes por tiroteios ou confrontos com a polícia.

São mortes intencionais e graves. E, apesar da diminuição já ser um motivo de comemoração, é preciso aproveitar o momento para refletir sobre a quantidade de homicídios violentos registrados no Brasil.

Mesmo com a queda de 24%, o país contabilizou 10324 mortes violentas somente no primeiro trimestre de 2019. Isso dá uma média de mais de 3440 por mês. Estatisticamente, são 114,7 mortes violentas, intencionais e graves por dia no Brasil.

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Se os índices continuarem neste ritmo, até o final do ano teremos registrado a maior queda dos últimos 12 anos. Porém, a parte mais assustadora é que esse número ainda representaria o dobro das mortes registradas na Guerra da Síria em 2018, quando cerca de 20 mil pessoas foram assassinadas.