Chegar rápido no trabalho pagando pouco e sem se preocupar com lugar para estacionar. Com esse conjunto de benefícios, os patinetes elétricos ganharam rapidamente lugar no coração dos moradores das grandes cidades e estão tão presentes nas ruas que já se tornaram quase parte do cenário urbano. Mas será que eles são seguros?

O departamento de saúde pública e transporte de Austin, em parceria com o Centro de Controle e Prevenção dos Estados Unidos, foram em busca de mais informações sobre esse meio de transporte e descobriram, em pesquisa, que entre 5 de setembro e 30 de novembro de 2018, 271 pessoas sofreram algum tipo de acidente com patinetes elétricos no país.

Durante o período, os aparelhos foram usados por 182,333 horas e rodaram 1,434 milhões de quilômetros. É um número alto, assim como o de acidentes. A cada 100 mil corridas, 20 terminam de maneira dolorosa – para dizer o mínimo

Um ponto que precisa de atenção é que metade dos acidentes registrados na pesquisa envolveram quebra de ossos; lesões em nervos, tendões e ligamentos; sangramento em grande quantidade e danos nos órgãos. É um dado alarmante, que nos faz refletir também no uso que o equipamento tem tido no Brasil.

Corridas no Brasil

Depois de um aumento drástico no número de acidentes envolvendo patinetes elétricos no Brasil, principalmente em metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, normas de utilização e segurança começaram a ser amplamente debatidas.

Em São Paulo, por exemplo, são 4 mil que podem ser alugados usando um aplicativo de celular. Um levantamento feito pelo hospital Samaritano mostrou que os acidentes causados por veículos alternativos (patinetes, bicicletas, skates) cresceram 20% no último trimestre, em comparação com o mesmo período no ano passado.

Foi pensando nisso que a prefeitura da cidade anunciou na última segunda-feira (13) que implantará regras de patinetes elétricos, incluindo entre elas a obrigatoriedade do uso de capacete e a proibição da circulação nas calçadas.

A medida ainda é provisória e as regras mais detalhadas deverão ser discutidas nos próximos três meses. O processo incluirá a opinião das 11 empresas que responderam a um chamamento público e assinaram um termo de responsabilidade para oferecer o serviço.

Novas Regras

Em decreto publicado na terça-feira (14), a prefeitura de São Paulo determinou a proibição do uso dos patinetes elétricos em calçadas e em vias da cidade que tenham limite de velocidade superior a 40 km/h, além de determinar a obrigatoriedade de uso de capacete pelos usuários. As multas por descumprimento podem varias de R$ 100 a R$ 20 mil.

Além disso, as empresas terão que:

  • Promover campanhas educativas sobre o uso correto dos equipamentos;
  • Fornecer pontos de locação fixos e móveis que poderão ser identificações por aplicativos ou sites;
  • Recolher os equipamentos estacionados irregularmente;
  • Arcar com todos os danos decorrentes da prestação de serviço;
  • Manter os dados dos usuários confidencialmente;
  • Fornecer os dados dos usuários aos órgãos municipais ou de segurança pública, caso sejam solicitados;
  • Informar à SMMT, mensalmente, o número de acidentes registrados no sistema.

Código de trânsito

O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), determina que os patinentes devem atender às regras para “equipamentos de mobilidade autopropelidos”, que são aqueles veículos alternativos com algum tipo de motorização e com as dimensões de largura e comprimento iguais ou inferiores às de uma cadeira de rodas.

Já o Código Brasileiro de Trânsito (CTB) prevê que os patinetes andem somente em áreas de circulação de pedestres, ciclovias e ciclofaixas, e não nas ruas.

Outra obrigatoriedade prevista no CTB é a de incluir nos equipamentos um indicador de velocidade, campainha e sinalização noturna, dianteira, traseira e lateral, no equipamento.

O lado das empresas

A empresa de compartilhamento e patinetes elétricos Grow afirmou em declaração emitida na última terça-feira (14) que as multas recebidas por descumprimento das novas regras em São Paulo serão automaticamente repassadas para os usuários.

Além disso, eles tentarão discutir com a administração municipal ajustes na regulamentação definitiva dos patinetes na cidade.

A empresa pretende propor outras maneiras, antes da aplicação de multa, para se repreender usuários que desrespeitarem as regras. Uma das alternativas seria o fornecimento de vídeos educativos para infratores de primeira viagem e, em caso de reincidência, obrigar o usuário a realizar teste físico conduzindo o patinete.

Se as novas regras serão cumpridas ou não, ainda é cedo para dizer. Mas o que já se pode afirmar é que os patinetes elétricos são dispositivos que ajudam sim a locomoção dos brasileiros, mas que podem causar graves danos à saúde e são menos seguros do que bicicleta em caso de quedas, pois o tempo de resposta do “piloto” é muito menor.

Pensando nisso, fica o alerta para aqueles que já começaram a se aventurar no veículo de duas rodas. Não ultrapassar a velocidade, se ater a ciclovias e usar capacete são atitudes simples e que podem prevenir acidentes sérios.