O assunto é considerado tabu, mas precisa ser falado, relembrado e discutido para que novos casos não repitam a violência de décadas e décadas de silêncio. O abuso sexual na igreja é relatado em casos em todo o mundo. Mulheres, adolescentes, meninos e meninas. Foram inúmeras as vítimas desse tipo de assédio vindo de membros de cargos altos e importantes na Igreja Católica.

Crimes que até então nunca haviam sido denunciados, reportados a autoridades do clero ou mesmo falados abertamente passam a tomar espaço dentro das instituições cristãs, da mídia e acendem um alerta para a necessidade de punir culpados, sejam eles membros importantes – e, tecnicamente, acima de qualquer suspeita – ou não.

Isso porque anos de sigilos guardados pelas vítimas deixaram os traumas ainda maiores, como se a impunidade alimentasse o medo.

abuso sexual na igreja

Assim que muitos dos crimes de abuso sexual na igreja passaram a vir à tona, outras vítimas se sentiram encorajadas a dar voz e rosto ao que aconteceu a elas. Autoridades católicas estão sendo desligadas de anos e anos na igreja. Enquanto isso, os escândalos sexuais representam cifras nas casas dos bilhões entre processos judiciais e tratamentos psicológicos oferecidos para aqueles que sofreram com a violência.

Em meio a todo esse cenário, o Papa Francisco funciona como um mediador que demonstra o desejo de uma política de tolerância zero em relação a crimes sexuais na igreja. Para que você saiba mais sobre essa situação, o Violência Social preparou um post completo:

> Abuso sexual na igreja: novos casos revelados nos Estados Unidos e no Chile;

> O custo financeiro (e moral) dos escândalos sexuais;

> A política de tolerância zero do Vaticano em relação aos crimes sexuais cometidos por membros da igreja em todo o mundo.

 

Abuso sexual na igreja: cenário mundial

Diversos países vêm demonstrando o fim de uma era de silêncio frente aos abusos cometidos por clérigos. O Chile é uma das provas disso, já que o número de ocorrências investigadas triplicou nos últimos meses.

Enquanto as investigações em cadastros anteriores registravam 38 ocorrências, agora, no registro de agosto de 2018, 119 casos de abuso sexual na igreja chilena passaram a ser investigados pela Procuradoria.

O novo registro também inclui 167 indiciados. O número de vítimas vinculadas aos casos é de 178, sendo 79 crianças e adolescentes. Em registro anterior, a Procuradoria registrava 266 vítimas desde 1960 até o momento.

abuso sexual na igreja

Crime contra crianças e adolescentes está entre os principais casos de assédio na igreja

EUA – Estudos estimam que mais de 100 mil pessoas podem ter sido vítimas de abuso sexual na igreja por clérigos nos Estados Unidos.

Afunilando regras para que cada vez menos casos caiam no esquecimento ou deixem de ter julgamento adequado, muitos estados do país estão mudando as leis. Dessa forma, muitos crimes que não poderiam ser julgados porque já haviam prescrito, passam a ser considerados ativos.

A mudança de cenário pode ser ainda maior, já que procuradores-gerais de 13 estados americanos intimaram dioceses para ter acesso a seus registros, o que deve trazer mais casos à tona.

 

O custo dos escândalos sexuais

Além do prejuízo moral, já que repetidos casos de assédio sexual podem colocar a fé de muitos fiéis em xeque, esses crimes representam cifras altíssimas para a igreja ao longo de décadas de violência.

Escândalos de abuso sexual na igreja já custaram cerca de US$ 6 bilhões à Igreja Católica nos

Estados Unidos nas últimas décadas. E esses valores podem ir muito além com a quantia gasta em processos, indenizações e tratamento para as vítimas.

Uma investigação feita para a “National Catholic Reporter” mostra que a instituição gastou US$ 4 bilhões em indenizações em casos de abuso sexual cometidos entre 1950 e 2015. Outros US$ 2 bilhões foram gastos em terapia para vítimas e clérigos acusados e honorários para advogados de defesa.

Esse número diz respeito a 19 mil vítimas e pode crescer e chegar às 100 mil estimadas em uma era de transparência em que a verdade passa a ser mais revelada.

 

Tolerância zero

abuso sexual na igreja

Citando passagens bíblicas e demonstrando repulsa, vergonha e tristeza em relação aos casos de abuso sexual na Igreja, o Papa Francisco já fez inúmeros discursos destacando pecado de quem comete crimes principalmente contra a crianças e adolescentes.

Quanto aos abusos cometidos por membros da Igreja Católica, o Papa reiterou a política de tolerância zero e que haverá a “aplicação das mais firmes medidas a todos aqueles que traíram seu chamado e abusaram dos filhos de Deus”.

 

Leia também

Casos de intolerância religiosa crescem no Brasil