Campanha, críticas, promessas, debates e… crimes. O ano de eleições municipais em todo o Brasil foi marcado por uma série de assassinatos e atentados a candidatos. Desde junho, de acordo com estimativa do jornal Folha de S. Paulo, foram 28 homicídios de políticos em todo o país e casos registrados de violência de cunho político em 17 estados. Na maior parte das ocorrências com mortes de candidatos a vereador.

Um dos casos que ganhou maior destaque na mídia foi o homicídio de José Gomes Rocha, candidato a prefeito em Itumbiara, Goiás, no dia 28 de setembro. Ele e um policial que fazia a segurança da campanha foram mortos em plena luz do dia, durante uma carreata. Além das mortes, o vice-governador do estado, José Eliton Júnior, ficou gravemente ferido. Funcionário da prefeitura, o agressor foi morto.

candidato itumbiara

No mesmo dia dos assassinatos em Itumbiara, em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, o prefeito e candidato à reeleição, Gilberto Gomes da Silva, teve o carro metralhado por um homem que dirigia uma moto, mas conseguiu sair ileso.

Os casos despertam insegurança também do cidadão comum, eleitor, que vê tão de perto o crime contra pessoas públicas e o crescente sentimento de impunidade. E por que tantos crimes políticos acontecem no Brasil, especialmente em época de eleição?

Para o doutorando em ciência política pela USP, Rafael Moreira, a política reproduz o comportamento da sociedade como um todo. “O Brasil é muito violento e isso reflete diretamente na política. Uma sociedade violenta pode usar esse contexto eleitoral também como desculpa para praticar crimes. Isso gera um grande sentimento de impunidade seletiva”.

Motivações fúteis, como rivalidade partidária e ação trabalhista para o pagamento de horas extras, sendo esta última o caso do atirador de Itumbiara, reforçam a ideia de um reflexo social de violência pela violência, com pouco cunho político de fato. Por outro lado, Moreira aponta ainda outros fatores. “O narcotráfico e as milícias ainda são muito influentes. Exemplo disso é que alguns candidatos não conseguem nem sequer fazer campanha em determinados bairros”.

Insegurança permanece depois das eleições

Vereador eleito com quase mil votos à Câmara de Cubatão, na Baixada Santista, Marcio Silva Nascimento, o Marcinho, foi alvo de uma tentativa de homicídio e baleado com três tiros em frente à sua residência no último dia 22 de novembro, após participar de uma reunião com funcionários de hospital que estavam em greve devido à falta de pagamentos. Ainda sem informações de motivação, o caso segue sob investigação da polícia.

“É difícil pontuar como ou quando podem haver mais ou menos casos de violência. Infelizmente, essa situação permeia toda e qualquer eleição. A violência é uma marca da política brasileira enquanto nossa sociedade também tiver essa marca”, finaliza Moreira.

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