Os gritos de torcidas, sejam elas organizadas ou não, deveriam ter o propósito de animar e levantar o time e até desestabilizar os adversários. Mas, ao invés disso, o que se ouve das arquibancadas são manifestações de desrespeito com quem está dentro e fora de campo, além de muita incitação à violência.
A homofobia é uma das posturas que mais se destaca negativamente em meio aos coros formados nos estádios. O racismo já perde espaço em meio aos gritos de torcidas, mas os “convites” para brigas e pancadarias ainda seguem presentes.
Desrespeito, violência e hostilidade. Isso é o que se vê nesse tipo de manifestação, o que põe em xeque o verdadeiro espírito esportivo, a proposta de aproximar torcidas e clubes e de trazer mais crianças e famílias inteiras ao estádio, um espaço que deveria ser dedicado à alegria, à democracia e à liberdade de escolha de torcer.
A equipe do VS preparou um post completo para que você entenda mais sobre a violência presente, e muitas vezes disfarçada, nos gritos de torcida:
> A homofobia nos estádios;
> Incitação à violência e agressões;
> O mais recente caso no Atlético-MG.
Gritos de torcidas e a homofobia nos estádios
A homofobia é um dos preconceitos e agressões mais comuns nos casos de violência nas arquibancadas. Muitos torcedores acreditam que chamar a torcida rival, jogadores ou mesmo o time adversário de homossexual é uma forma de xingamento, ofensa e de diminuir os rivais.
Mais do que impulsionar o próprio time, o objetivo é causar sensação de humilhação no outro impondo a própria masculinidade e a virilidade no estádio. É como se o futebol fosse um espaço de reafirmação de características consideradas dos homens, como força, coragem e resistência.
É como se o esporte demonstrasse o que é aceito no “ser homem” ou não neste espaço e, assim, tudo que foge a esse padrão é tido como alvo de menosprezo.
Além dos gritos de torcidas organizadas em que há claramente demonstrações homofóbicas, uma das atitudes mais comuns é o grito de “ôôô, bicha!” assim que um goleiro faz a cobrança do tiro de meta.
Muitos torcedores alegam que o comportamento é apenas uma brincadeira, mas a postura reforça a intolerância contra a população LGBT constantemente relatada na sociedade como um todo.
Promoção da violência
Se, de um lado, tem espaço a intolerância e as ofensas de gênero ou orientação sexual, de outro está a violência propriamente dita. Muitos gritos de torcidas incitam agressões e ‘chamam’ para a briga.
Em um trecho do cântico “Breque dos Gaviões”, por exemplo, os corintianos declamam: “Não tenho medo de morrer. Eu dou porrada para valer”.
Ainda que avaliado por muitos como uma brincadeira, a prática pode ser mais real do que se imagina, especialmente quando são analisados os dados sobre violência nos estádios. Entre 2014 e 2016, foram 49 mortes confirmadas por consequência da rivalidade agressiva entre torcidas.
Grito homofóbico citando Bolsonaro
Na partida contra o Cruzeiro no último domingo, 16 de setembro, parte da torcida do Atlético-MG tentou provocar os rivais com gritos homofóbicos. O cântico mencionava o candidato à presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro.
Nas arquibancadas do Mineirão, foi possível ouvir de parte da torcida atleticana: “Cruzeirense, toma cuidado, o Bolsonaro vai matar veado”.
Na mesma noite, a diretoria do clube alvinegro se manifestou e repudiou o conteúdo da música de torcida.
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