Em 2018, mais uma vez, o Brasil atingiu um recorde triste – e que não traz orgulho a ninguém: No último ano, o país computou 66.041 vítimas de estupro. O número é o maior desde 2009. Esse foi um dos poucos tipos de crime que tiveram alta no ano passado, segundo dados do 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública na segunda semana de setembro.
Caíram os números de mortes violentas, roubos, latrocínios, lesão corporal, entre outros crimes. A taxa brasileira de estupros é de 31,7 por 100 mil habitantes, acima da taxa de mortes violentas, que ficou em 27,5 em 2018.
Índice ao longo dos anos
Desde que os estudos começaram, os números cresceram muito. Em 2011, por exemplo, o país teve 43.869 casos de estupro. De lá para cá, houve um aumento de 50,5% nos registros. De 2017 para 2018, a variação foi de 4,1%. Isso considerando todas as vítimas. Se contabilizarmos só as mulheres, o aumento no último ano foi de 5,4%.
Ainda de acordo com o estudo, a maior parte dos estupros que ocorre no Brasil é o de vulnerável. Isto é, aquele que tem como vítimas crianças menores de 14 anos ou pessoas com doenças ou deficiência mental que não têm discernimento para a prática do ato e que não podem oferecer resistência. Esses casos correspondem a 63,8% do total.
Além disso, a maioria dos crimes é praticado contra meninas de 10 a 13 anos (28,6%) e o autor do estupro é, em esmagadora maioria (mais de 96%) homem e quase sempre (mais de 75% das vezes) conhecido da vitima.
Saiba como identificar
Esse aumento nos casos de estupro e o alto índice de crianças afetadas deveria colocar pais, avós e responsáveis em alerta. Os abusos sexuais deixam sequelas físicas e emocionais que podem acompanhar essas crianças por toda a vida.
O problema é que muitas crianças não contam pelo que estão passando, principalmente quando o agressor é alguém da família. Por isso, cabe aos adultos próximos a tarefa de estar atento a alguns indícios de que a criança ou o adolescente é vítima de abuso.
Alguns deles são:
- Mudança repentina de comportamento em relação a uma atividade ou a uma pessoa específica;
- Proximidade excessiva de alguém também é um sinal de alerta que pode demonstrar manipulação emocional;
- Regressão: uso de chupeta, fralda ou outras posturas infantis que haviam sido abandonados;
- Silêncio e isolamento social;
- Baixo rendimento na escola;
- Comportamentos sexuais e uso de palavras e expressões pornográficas;
- Negligência em relação a cuidados;
- Doenças de natureza emocional, como dificuldades digestivas, por exemplo;
- Manchas, machucados e outros sinais de traumas físicos.
Denuncie
A denúncia é fundamental para garantir que os agressores pagarão pelos crimes e os abusos cessarão. Se você souber do caso de menores que são abusados, veja como relatar às autoridades:
- Disque 100 –tem foco especial na denúncia de casos de violência contra crianças e adolescentes. O canal funciona 24 horas, 7 dias por semana;
- Disque Denúncia 181;
- Registre um boletim de ocorrência –procure diretamente a delegacia, que fará o registro do Boletim de Ocorrência e pedirá um Exame de Corpo de Delito como uma das evidências a serem analisadas no caso de estupro de crianças.
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