Dados compilados pela Ouvidoria Nacional do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), que foi apresentado na segunda quinzena de maio na Câmara dos Deputados, traz mais uma vez dados alarmantes sobre a segurança das crianças.
A pesquisa revelou que quase 90% dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes registrados no ano de 2018 no Brasil tiveram como cenário o ambiente familiar.
Durante o ano passado inteiro, o Disque 100, que é também conhecido como Disque Direitos Humanos, recebeu um total de 17.093 denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes no país.
Um número grande, que vem com mais uma informação chocante: desse total, 13.418 denúncias se referiam a abuso, enquanto 3.675 telefonemas foram classificadas como casos de exploração sexual.
O inimigo dorme ao lado
No caso das crianças, a maior parte era do sexo feminino (74,2% do total), tinha idade entre 1 e 5 anos (51,2%) e eram negras (45,5%). Um em cada três casos tinha caráter de repetição. Em 81,6% dos casos, o agressor era do sexo masculino e, em 37% deles, o autor do crime tinha vínculo familiar com a vítima.
Já no caso dos adolescentes, 92,4% das vítimas eram do sexo feminino e 67,8% estavam na faixa etária entre 10 e 14 anos. A grande maioria das vítimas são negras (55,5% do total). De cada dez registros de violência sexual contra adolescentes, seis ocorreram dentro de casa. O agressor é quase sempre do sexo masculino (92,4% do total), e 38,4% deles tinham vínculo intrafamiliar (familiar e parceiros íntimos).
Com base nos dados coletados pelo aparelho do governo, o ministério comandado por Damáres Alves concluiu que quase todos os abusos relatados aconteceram dentro de casa, com 70% deles tendo os próprios pais, mães ou padastros como autores do crime.
Dados de 2019
São dados sérios, que mostram um problema enraizado na nossa sociedade e que precisa de atenção. Se no seio da família, onde deveria encontrar apoio, as crianças estão sofrendo, como então garantir a segurança delas? Que medidas devem ser tomadas pelos governantes? E pelas famílias?
Somente nos quatro meses de 2019, 4736 denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes foram registrados no país, por meio do Disque 100. Apesar do número representar uma queda de 19% com relação ao primeiro quadrimestre do ano anterior (5827 casos), é preciso que os olhos da população se voltem para essa questão que tira o sossego das famílias.
Só no estado de São Paulo, conforme dados divulgados no site da Secretaria de Segurança Pública, foram registrados 2.241 casos de estupro de vulnerável, considerando-se apenas os três primeiros meses deste ano.
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