Ao abrir uma nova conversa no Whatsapp, um aviso garante: essa conversa é criptografada. Com a promessa de segurança reforçada e nenhuma possibilidade de vazamento de suas conversas privadas, o aplicativo é visto por muitos como uma das formas mais seguras de comunicação. Outro aplicativo que segue o mesmo padrão, é o Telegram.

O Telegram, que é conhecido por implementar novidades, que depois acabam caindo no gosto do público e entram em todos os aplicativos – como a conversa mais seguras e as famosas figurinhas – ficou muito famoso no Brasil como um substituto do WhatsApp na época em que decisões judiciais deixaram o aplicativo de mensagens mais famoso do país fora do ar em 2015 e 2016.

Agora, o Telegram ganha de novo os holofotes por conta das conversas vazadas envolvendo o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador da Operação Lava-Jato Deltan Dallagnol, apresentadas em reportagens do site The Intercept. Mas, afinal: os aplicativos são mesmo seguros? Qual deles oferece maior privacidade para os usuários?

A criptografia de cada um deles

Para começar, é preciso entender que o funcionamento dos dois é praticamente igual. Assim que você baixa o aplicativo, seu número de telefone funciona como login e como forma de se conectar com outros usuários. Para adicionar algum amigo nos apps, basta que você adicione o número de telefone da outra pessoa em seus contatos no celular. A cada nova instalação ou autenticação nos apps, você recebe uma senha via SMS para ter acesso ao serviço. O restante do uso também é igual: você pode criar conversas infividuais, grupos, compartilhar áudios, fotos, vídeos, documentos, figurinhas.

As diferenças começam justamente na parte mais importante da segurança: a criptografia. Vamos agora entender melhor como ela funciona em cada um deles.

Whatsapp – Todas as conversas têm criptografia de ponta a ponta. Esse recurso embaralha as mensagens e somente quem tem a “chave” para decodificar o que foi enviado ou recebido, não importa se por texto ou multimídia, são: o remetente e o destinatário. É por isso que se chama “de ponta a ponta”. Os próprios servidores do Whatsapp não possuem a chave para descriptografar essas mensagens, por isso as conversas são consideradas tão seguras.

Essa segurança vale para todas as mensagens trocadas pelo aplicativo, sem que o usuário precise ativar nenhum recurso extra para se proteger.

Telegram – Já o Telegram tem como recurso de segurança padrão a criptografia “cliente-servidor/servidor-cliente”. Isso quer dizer que não apenas os usuários têm chaves para acessar as mensagens, como também o servidor as decodifica em algum ponto. Porém, é possível utilizar o “chat secreto”, que é um chat com criptografia de ponta a ponta, como o Whatsapp, mas essa opção tem que ser ativada manualmente no aplicativo.

Uma invasão ao servidor do Telegram poderia, portanto, revelar para o criminoso as conversas não secretas que já foram decodificadas pelo sistema. Essa é a teoria que tem sido divulgada sobre as conversas vazadas de Sergio Moro.

Telegram garante que não foi invadido

A questão de segurança para o Telegram é muito importante. Tanto que, por mais que seja preciso clicar manualmente para que os chats sejam secretos, foram eles que implementaram pela primeira vez a criptografia como forma de proteção.

Em resposta às teorias de invasão ao servidor ou de falhas internas que poderiam ter causado o vazamento das conversas que ganharam as manchetes de todo o mundo na última semana, a equipe do aplicativo publicou em sua conta do Twitter que: “O Telegram não foi hackeado. Mas existem outros riscos que devemos considerar. De fato, não há evidência de qualquer invasão. É mais provável que tenha sido malware ou alguém que não esteja usando uma senha de verificação em duas etapas”.

O aplicativo explica, ainda, que o motivo de não ter a criptografia de ponta a ponta funcionando automaticamente para todas as mensagens é a possibilidade de oferecer um backup mais rápido para os usuários. Hoje em dia, ao reinstalar o aplicativo em um novo aparelho, a pessoa precisa apenas confirmar com senha e número de telefone que ela é ela mesma para ter acesso às conversas trocadas anteriormente.

Já no Whatsapp, backups de conversas só são possíveis por meio de serviços externos (Google Drive ou iCloud), e o usuário precisa escolher fazer a exportação de suas conversas para esses servidores manualmente.

Qual app usar

A verdade é que tanto Whatsapp quanto o Telegram são aplicativos bem seguros, que prezam pela proteção dos dados que são trocados por seus clientes.

Qual aplicativo usar, indefere em questões de segurança se os usuários utilizarem o “chat secreto” do Telegram. Uma outra opção para quem quer garantir ainda mais anonimato é o Signal.

O aplicativo, que foi o escolhido pelo ex-analista da NSA Edward Snowden como o mais seguro para se comunicar, não só conta com a criptografia de ponta a ponta, como também não tem opção de backup em nuvem e exige uma verificação maior por meio de senhas.