As redes sociais refletem boa parte do comportamento praticado nas ruas. Sem os olhos nos olhos, por outro lado, certas posturas – inclusive as ruins – são potencializadas. E se o clima é de briga entre torcidas ou de uma verdadeira guerra em meio às eleições presidenciais, isso reflete também na internet: depois do primeiro turno, as menções sobre violência cresceram ainda mais nas principais redes.
As manifestações políticas ultrapassam a opinião individual e o debate saudável e constantemente chegam ao nível do desrespeito, da falta de empatia e da briga entre ideais diferentes.
O mais preocupante ainda é que as menções sobre violência na internet são apenas a ponta de um iceberg que vai além. A violência acontece também fisicamente por motivações políticas, já aconteceram humilhações, agressões, ameaças e o sentimento de medo e insegurança de ambos os lados.
Neste post você vai saber mais sobre os discursos de ódio e menções sobre violência que invadem a internet:
> O estudo que demonstra o crescimento dos números de menções sobre violência após o primeiro turno;
> Quando a disseminação de ódio vai além do virtual: agressões e ameaças no mundo real;
> Saiba como denunciar a incitação à violência e outros crimes virtuais.
O aumento das menções sobre violência na web
Intolerância e violência tomam conta das eleições deste ano. De acordo com levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (Daap/FGV), foram 2,7 milhões de publicações no Twitter repercutindo informações sobre violência física relacionada à política desde o fim da apuração do primeiro turno, às 19h de 7 de outubro, até às 15h do último dia 11.
Nos 30 dias antes do pleito, foram 1,1 milhão de menções sobre violência, cerca de 40% do volume gerado em apenas quatro dias após a votação.
A diferença é tamanha e a violência chega a extremos que a leitura que se faz sobre esse tipo de situação é que o poder, a liberdade e a sensação de impunidade proporcionados pelas redes sociais despertam monstros que existiam dentro das pessoas sem que nem mesmo elas soubessem.
A violência que chega ao mundo real
Se a violência não deve ser tolerada no ambiente virtual, aquela que acontece por desencontros de ideias políticos e chega às agressões e ameaças do mundo real se torna ainda mais preocupante.
Mais do que uma preocupação, esse tipo de violência já se tornou realidade, incluindo morte, agressões e formas de tortura.
Entre as situações mais comentadas está o assassinato do mestre de capoeira Moa do Katendê, de 63 anos. Ele foi morto na Bahia com 12 facadas após uma discussão e manifestação de seu voto em Fernando Haddad (PT) com um apoiador do candidato Jair Bolsonaro (PSL).
No dia seguinte à eleição, o professor Gilberto de Mattos, de 53 anos, foi empurrado e se machucou após dizer “ele sim” a um grupo que gritava o contrário.
Na mesma data, uma jovem estudante de 19 anos, que carregava o símbolo LGBT na mochila e os dizeres “ele não”, foi atacada por três homens e marcada com o símbolo da suástica na barriga, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Denuncie a incitação à violência
Ainda que as ameaças, discursos de ódio e incitações à violência fiquem somente no ambiente virtual, é preciso denunciar esses agressores. Saiba como:
- Se possível, tenha provas da denúncia, como é o caso facilitador das capturas de tela;
- Denuncie por meio da plataforma SaferNet;
- Caso a ofensa, calúnia, difamação ou ameaça estejam no Facebook, há na própria ferramenta um canal de denúncia. Clique com o botão direito na seta do canto superior direito da postagem e selecione “Denunciar essa publicação”. O conteúdo será avaliado e, em caso de violação das leis, removido da rede. Quem postou o material não fica sabendo quem o reportou;
- Também é possível denunciar diretamente por meio do Ministério Público Federal, clicando aqui;
- Você pode ligar também para o Disque 100, que recebe denúncias sobre a violação de Direitos Humanos.
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