Mais de 100 policiais militares se suicidam por ano no Brasil

A 13ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no início do mês, trouxe dados alarmantes. O estudo, que registra a exposição à violência fatal a qual os policiais brasileiros estão sujeitos, detectou que em 2018 343 policiais civis e militares foram assassinados.

É um número bastante alto, quase uma morte por dia, e que impressiona quando analisado mais a fundo. Isso porque 75% dos casos ocorreram quando estavam fora de serviço e não durante operações de combate à criminalidade.

O Anuário registrou, também, uma redução de 10,8% nas mortes violentas intencionais em 2018 no país. Na contramão, houve um aumento de 19,6% no número de mortes decorrentes de intervenções policiais.

No total, 6.220 mortes foram provocadas pelas polícias: são 17 pessoas mortas por dia. O perfil das vítimas se mantém o mesmo dos anos anteriores: 99,3% das vítimas eram homens, 77,9% tinham entre 15 e 29 anos, e 75,4% negros.

Sequela Psicológica

Essa mistura de risco no exercício do trabalho, vulnerabilidade fora do horário de expediente e cobrança extrema por resultados, além da atenção da população sempre voltada para cada um de seus atos, pode ser uma das explicações para casos de descontrole emocional, tiros acidentais e abordagens incorretas.

Além disso, claro, existe todo um racismo institucional no Brasil, do qual já falamos aqui anteriormente, que acaba por “condenar” os negros, jovens, periféricos.

Para os policiais, o estresse psicológico e o acesso a armas têm causado graves efeitos: 104 policiais cometeram suicídio no ano passado. O número ultrapassa, inclusive, o número de policiais mortos durante o horário de trabalho (87 casos).

Os fatores de risco da profissão muitas vezes levam a um estresse ocupacional extremo. Junte a isso às pressões normais do dia a dia, as responsabilidades familiares e o acesso fácil a armas, e chegamos à explicação do aumento do número de suicídios.

Setembro Amarelo

Neste mês é realizada a campanha “Setembro Amarelo”, que tem como objetivo a conscientização sobre a prevenção do suicídio. A ação se estende por todo o mês e é marcada por diversas ações, como palestras, passeatas, divulgação de vídeos e, o mais importante: debate e compartilhamento de informações. Criada em 2015 no Brasil pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), a campanha tem como proposta garantir que a causa tenha cada vez mais visibilidade no país.

 

E o problema a ser combatido é bem sério. Atualmente, 32 brasileiros se suicidam por dia. No mundo, os números assustam ainda mais: é computada uma morte a cada 40 segundos. Aproximadamente 1 milhão de pessoas se suicidam todos os anos. E esses são só os dados computados. Sabe-se que no total, se levarmos em conta os problemas de subnotificação, a estatística é bem maior. Além disso, os especialistas estimam que o total de tentativas supere o de suicídios em pelo menos dez vezes.

É fato que o suicídio é um fenômeno complexo, de múltiplas determinações, mas saber reconhecer os sinais de alerta é essencial. Ainda mais em nossa realidade moderna, onde estamos muito centrados em nossos próprios conflitos e sentimentos e muitas vezes acabamos por não prestar a devida atenção às mazelas do próximo.

Outro ponto importante, que precisa ser compreendido pela população, é que o suicida não “quer morrer”. Ele quer acabar com uma dor, um sofrimento, uma sensação de que não existe qualquer possibilidade de um futuro mais feliz. E que as pessoas ao lado devem mostrar que ele não está sozinho, mesmo após uma pequena melhora no quadro de saúde mental.

Segurança da Família

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