Qual é a influência da ficção para a violência?

Ações criminosas podem vir de estímulos de novelas, filmes e jogos?

As opiniões podem variar, mas há quase um limbo em que paira a dúvida: a arte imita a vida ou a vida imita a arte? E isso vale também para aquilo que consumimos como o entretenimento mais simples do dia a dia. A influência da ficção vinda de novelas, filmes e jogos pode estar diretamente ligada a casos de violência e ocorrência de crimes?

É provável que você já tenha ouvido, ou mesmo pensado, que a forma de divertimento entregue por produtoras e emissoras de televisão envolvem diretamente ações violentas. E tudo isso consumido tão livremente, de forma acessível para a população em canais abertos e em horários de grande audiência, agem como uma verdadeira banalização da violência.

É fácil fazer essa diferenciação? Até que ponto esses estímulos podem ter influência na vida real? Preparamos um post completo para responder essa e outras questões.

> A influência da ficção para a violência: a banalização em novelas e filmes;

> Jogos e crianças: até que ponto isso pode atrapalhar no desenvolvimento;

> Relembre o caso de homem que assustou passageiros vestido como personagem dos quadrinhos;

> Saiba a opinião de especialista sobre essa associação.

 

Banalização da violência no entretenimento

Seria leviano atribuir à TV a culpa por tantos casos de violência, golpes, ações criminosas ou mesmo maldosas. No entanto, é inegável o papel do aparelho na vida de uma família de classe média ou de rendas mais baixas.

A novela mais popular começa justamente no horário do jantar em família, provavelmente a única refeição onde é possível que todos estejam reunidos. A televisão é companhia, faz parte desse momento, e se torna até pauta de conversa.

Quando aquela que acompanha toda a família em um dos momentos únicos entre todos traz histórias de vilões que caem nas graças do público, ladrões e criminosos cujas narrativas fazem com que tantas pessoas torçam por eles, ou mesmo “dão ideias” sobre possíveis atitudes vingativas e más, se faz necessário uma maior atenção sobre o que está sendo consumido. É fundamental refletir sobre a influência da ficção nos atos – criminosos ou não – de milhões de brasileiros.

 

Jogos e crianças

Os video games sempre são lembrados quando o assunto é ficção versus realidade e a influência desse tipo de estímulo para os jovens.

À medida que a tecnologia evolui, mais senso de realidade e ainda mais detalhes chegam aos jogos. No caso daqueles com temática de ação e violência, isso resulta em tiroteios, muitas cenas com sangues e mortes. Alguns trazem com o próprio enredo a destruição de cidades, a finalização de um inimigo e um cenário de guerra.

Isso pode afetar o comportamento dos pequenos? De que maneira? É difícil chegar a um consenso sobre o assunto, no entanto, somente essa possibilidade e especulação já criaram um grande preconceito em relação aos jogos.

A principal saída para isso é o controle, especialmente para os pais. O interesse pelo video game costuma não se restringir apenas a fases da infância ou da adolescência, por isso, a importância de definir classificações etárias para jogos, assim como as já existente para filmes e novelas, evitando, assim, a influência da ficção tão violenta sobre o universo infantil.

 

Deadpool armado no Rio de Janeiro

Em junho de 2018, um homem entrou em um ônibus no Rio de Janeiro vestido como o anti-herói da Marvel Deadpool e, depois da atitude inesperada assustar os passageiros, se sentou em uma das cadeiras.

Próximo ao bairro Barra da Tijuca, ele puxou uma arma, trocou o carregador e causou medo e pânico nos presentes, que acabaram descendo do ônibus. O homem não foi preso e ninguém se feriu.

 

Influência da ficção: o que dizem os especialistas?

Os meios de comunicação podem e tendem e a monopolizar a informação, criando uma determinada importância para alguns casos em detrimento de outros, transformando algumas situações em espetáculos.

Para a psicóloga Ingrid Geraldo da Silva, esse bombardeio de informações, imagens e sons podem afetar negativamente o espectador, principalmente o aparelho psíquico de crianças e adolescentes.

“O entretenimento pode servir tanto para a evasão da realidade como para o encontro social. A forma como isso será sentido vai variar de pessoa para pessoa”.

Ingrid destaca, ainda, que é fundamental perceber o papel de influência da ficção, já que o contínuo processo de exposição à violência na mídia podem causar um processo de dessensibilização e indiferença frente às vítimas de violência no dia a dia.

“As interferências da mídia estão diretamente ligadas às formas do adolescente vivenciar sua subjetividade e seus processos de identificação. O espectador pode ser diretamente afetado pela ficção, principalmente se não houver uma mediação sobre assunto. Tudo depende, também, do quanto esse espectador está emocionalmente envolvido naquela situação”.

No caso dos jogos, ela considera que os games violentos podem afetar o estado interno do indivíduo em aspectos fisiológicos, afetivos e cognitivos, podendo facilitar a agressão.

“Hostilidade, pensamentos agressivos e negativos e ira são algumas das sensações ou sentimentos causados pela exposição excessiva a jogos violentos”.

 

 

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