Pessoas desaparecidas, o drama de quem segue à procura

Em um período de 10 anos, o Brasil registrou cerca de oito desaparecimentos por hora

Uma angústia que nunca passa associada ao medo, à incerteza e à esperança, que segue viva. Esses são sentimentos diários para familiares de pessoas desaparecidas, um constante antagonismo entre a dor da separação e a fé em um novo encontro.

Em um período de 10 anos, entre 2007 e 2016, foram registrados 693.076 boletins de ocorrência de desaparecimentos, segundo dados compilados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública a pedido do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Nesse intervalo, foram 190 pessoas desaparecidas por dia no país, oito por hora. Em 2017, o número absoluto chegou a 82.264 casos.

Grande parte das ocorrências segue sem solução pela ausência de informações e, principalmente, pela falta de uma política de cruzamento de dados. Assim como muitos somem sem deixar pistas, outros sem identificação são encontrados mortos. Sem cruzar dados é impossível concluir que muitas das pessoas desaparecidas, na verdade, foram vítimas de homicídio.

O desaparecimento não é considerado crime, então, é feito apenas um boletim de ocorrência. Não há qualquer investigação até que haja suspeita de um homicídio ou sequestro, por exemplo.

No caso de crianças e adolescentes com até 18 anos, assim como de pessoas com transtornos mentais, a lei obriga que a situação seja investigada. Na prática, por outro lado, o mais comum é que apenas o desaparecimento de crianças até 12 anos tenha investigação adequada no país.

O Violência Social preparou um post para você entender ainda melhor as ocorrências de pessoas desaparecidas:

> As principais causas e o perfil do desaparecido;

> Mães da Sé: espírito de comunidade e persistência na busca por desaparecidos;

> Saiba como comunicar o desaparecimento de alguém.

 

Perfil e causas do desaparecimento

Desaparecimentos e mortes podem estar ainda mais interligados. Em São Paulo, o principal perfil da vítima é: adolescente, negro e morador da periferia, coincidindo com o perfil das vítimas de homicídio.

Segundo pesquisa do Ministério Público, o pico do desaparecimento acontece aos 15 anos, cedendo aos 28 anos, demonstrando a vulnerabilidade e a necessidade de investir nos adolescentes.

Muitas podem ser as causas para uma pessoa desaparecer, e você vai entender cada uma delas:

 

Mães da Sé

O movimento Mães da Sé – ABCD (Associação Brasileira de Busca e Defesa a Crianças Desaparecidas) nasceu em março de 1996 a partir da iniciativa de Ivanise Espiridião da Silva e Vera Lúcia Gonçalves, mães de crianças desaparecidas.

Inspirada em outros grupos de elucidação de desaparecimentos, como o Mães da Cinelândia (RJ) e o Movimento Nacional em Defesa das Crianças Desaparecidas (PR), a entidade sem fins lucrativos tinha como principal objetivo atender a uma demanda restrita a crianças desaparecidas em São Paulo.

Inicialmente, as reuniões aconteciam a cada 15 dias na escadarias da Catedral da Sé, na região central da capital paulista. A manifestação silenciosa envolvia fotos e cartazes de seus filhos desaparecidos e era uma forma de chamar a atenção da sociedade e das autoridades em relação às pessoas desaparecidas.

Em mais de 20 anos de existência, o trabalho das Mães da Sé se estendeu. Com sede própria no Centro de São Paulo, a ABCD presta gratuitamente serviços de relevância e possibilita a localização de crianças desaparecidas em todo o território nacional.

 

Como comunicar o desaparecimento?

Muito se fala sobre comunicar o desaparecimento após 24 ou 48 horas do caso, mas a verdade é que quanto antes as autoridades souberem, maior a chance de localização, especialmente no caso de crianças e adolescentes desaparecidos.

Orientações específicas

 

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