Assédio sexual na escola, a violência silenciada pelo medo

Ambiente que deveria ser de conhecimento, troca de ideias e bom relacionamento pode se tornar um espaço de insegurança e traumas

A escola deveria ser como um segundo lar. Um espaço para aprender, trocar ideias, dividir conhecimento, iniciar amizades que são levadas por toda a vida. Mas um ambiente que deveria reunir tudo isso pode, também, ser o palco das piores memórias da história de meninas – crianças e adolescentes – vítimas de assédio sexual na escola.

Professores, inspetores, coordenadores e diretores, cujo trabalho é estimular o aprendizado e provocar a reflexão, se transformam em abusadores ou coniventes e protetores de situações criminosas.

O mais recente caso de alunas que denunciaram professores e outros profissionais de uma conhecida rede de escolas particulares do Rio de Janeiro trouxe novamente à luz a necessidade de se falar sobre o assunto e penalizar culpados, sem que estes sejam protegidos pelo medo da perda de prestígio das instituições.

 

O assédio sexual na escola é um tema que precisa ser trazido ao debate para que medidas sejam tomadas e o cenário mude, por isso o Violência Social preparou um post completo sobre o assunto. Você vai entender:

> Números sobre o assédio sexual na escola: entenda o panorama nos colégios estaduais de São Paulo;

> Os assédios denunciados na rede de escolas do Rio de Janeiro;

> Saiba como denunciar os abusos no ambiente escolar.

 

Assédio sexual na escola: situação nos colégios estaduais de SP

Entre 2014 e 2017, as escolas estaduais de São Paulo registraram 967 casos de assédio e/ou abuso sexual, de acordo com dados do ROE (Registro de Ocorrências Escolares).

O número representa uma média de 20 casos de assédio sexual na escola por dia. No ano de 2017 foi registrado o maior número de ocorrências, com 263 casos. Levando-se em consideração de que o ano letivo tem, em média, 200 dias, isso significa mais de um caso de abuso por dia na rede estadual.

Violência – Os números alarmantes não são restritos aos casos de assédio sexual. Nesse período foram registrados 50.448 casos de violência nas dependências das escolas estaduais, o equivalente e 34,5 ocorrências diárias. Os números incluem ameaças, agressões verbais ou físicas e outros tipos de violência.

Casos de posse ou encontro de armas no ambiente escolar também foram expressivos no período, com 2.351 ocorrências. Na prática, é como se a cada 15 horas uma arma fosse encontrada dentro de uma escola estadual paulista.

 

Denúncias em rede de escolas carioca

Comentários inoportunos, elogios excessivos a meninas menores de idade, toques, contatos no geral e convites obscenos. Quando o assédio vem de quem está acima na hierarquia e, principalmente, de quem deveria ensinar, torna ainda mais difícil a denúncia.

Por muito tempo o assédio sexual ficou silenciado no Colégio Pensi, instituição de ensino com unidades no Rio de Janeiro. No entanto, alunas fizeram atos dentro da escola e passaram a relatar os assédios sofridos no colégio por meio das redes sociais.

O assunto movimentou o Twitter com a hashtag #AssédioÉHábitonoPensi, chegando a mais de 45 mil tweets sobre o tema e mobilizando celebridades, que se sensibilizaram com os situações contadas por tantas meninas, sendo boa parte delas de uma faixa etária entre 14 e 17 anos.

 

Depois da situação em que mais de um professor foi denunciado, o Colégio Pensi emitiu comunicados dizendo que mudaria seu posicionamento, criando um comitê de ética para apurar esse tipo de situação e intensificando treinamentos relacionados a questões éticas, discriminação, assédio e respeito.

 

Como denunciar?

O assédio sexual na escola não deveria acontecer sob nenhum aspecto, mas ele é uma realidade. Para combatê-lo é preciso debater, ensinar, questionar. Dizer às vítimas que o silêncio não resolve, e que os culpados devem ser penalizados. Saiba como denunciar os abusos no ambiente escolar:

 

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